Cada uma com sua história, suas pautas, mas unidas para contribuir com as mulheres e todos os paranaenses. Na semana marcada pela histórica luta feminina por direitos e igualdade, a Assembleia Legislativa tem muito a comemorar. Foi o primeiro 8 de março em que o parlamento estadual contou simultaneamente com a presença recorde de dez deputadas, a primeira Bancada Feminina da Casa, além da Comissão de Defesa do Direito da Mulher e da Procuradoria Especial da Mulher, que já existiam.
Apesar dos perfis distintos, o discurso é praticamente uníssono. As representantes reconhecem os avanços, mas defendem a necessidade de ampliar a representatividade, a participação da mulher nos espaços de poder e o enfrentamento a questões como violência e desigualdade.
Líder da nova Bancada Feminina, Mabel Canto (PSDB) traduz essa evolução recente no parlamento. “Na última legislatura não tivemos nenhuma mulher como líder dos blocos partidários e partidos. Hoje, independentemente do número de mulheres, temos garantido pelo regimento esse espaço de fala”, comentou. “Sabemos que ainda há muito preconceito e muito a ser feito nessa luta por direitos e igualdade. Mas um grande passo foi dado”, reforçou.
“São dez votos importantes e garantidos para aprovação de projetos de interesse das mulheres. Dez mulheres fortes e guerreiras, cada uma com sua experiência. Essa união é muito bacana e importante para deixarmos uma marca, um legado, fazendo nossa parte para honrar as mulheres do estado do Paraná”, comemorou a deputada Maria Victória (PP).
Quem percebe bem as transformações é a deputada Luciana Rafagnin (PT), que chegou há mais tempo na Casa de Leis. “Quando fui eleita, em 2002, havia uma dificuldade muito grande em relação à pauta feminina. Pela força que temos hoje, podemos fazer a diferença”, reconheceu.
“Vemos uma representatividade muito maior, dobramos o número de mulheres eleitas na casa, o que traz grande significado. Enquanto nacionalmente a representatividade é de 15%, nós chegamos a 18,5% na Assembleia. Toda a sociedade ganha com o olhar feminino”, assegurou Luciana.
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a deputada Mara Lima (REP) conta que a experiência foi transformadora. “Uma coisa é você assistir na tevê, ler sobre a violência. Outra é estar em um centro de apoio como a Comissão. Quantas e quantas mulheres são vítimas de violência no nosso estado, no país e no mundo? É uma tristeza imensa saber que em 2022 houve aumento do feminicídio e da violência. Estamos falando incansavelmente. Mas nosso olhar sobre as leis que atendem as mulheres é uma forma de amenizar essa situação”, ponderou.
Procuradoria
Recém-eleita, Cloara Pinheiro (PSD) assumiu logo no primeiro mandato o comando da Procuradoria Especial da Mulher, um marco no papel da Assembleia tanto no acolhimento como para criar uma rede de proteção às mulheres. “Vemos cada situação aqui. Sinto uma responsabilidade enorme por ocupar este espaço. E também pelo fato de a primeira mulher eleita no Paraná ser da família. Rosy Macedo Pinheiro Lima foi prima do meu pai e eleita em 1947. Espero fazer história como ela”, disse, emocionada.
Cloara recebeu o bastão da deputada Cristina Silvestri (PSDB), primeira a assumir a procuradoria e figura importante na abertura de 160 polos do órgão no estado. “O Paraná é vanguarda, por ter no parlamento a Procuradoria, a Comissão da Mulher e a Bancada Feminina. Mas temos muito ainda a conquistar”, apontou.
Mais jovem deputada eleita, aos 22 anos, Ana Júlia (PT) experimenta os avanços conquistados por anos de luta pela representatividade feminina e já defende a ampliação do debate e da participação. “As mulheres têm condições de tratar também de outras pautas além das femininas, outros assuntos e debates estruturais do Paraná”, afirmou. Outro desafio, segundo ela, é transformar o debate sobre as questões femininas em pautas também dos homens. “Até porque os problemas que as mulheres enfrentam na sociedade não são culpa delas. É de um sistema patriarcal que beneficia os homens”, citou.
Campeã de votos entre as mulheres nas eleições de 2022, Márcia Huçulak (PSD), segue uma linha parecida. “Os homens não nos vêm com essa capacidade de assumir o poder. Mas nós precisamos ocupar espaços de decisão, de poder. Hoje você a mulheres nas secretarias de Saúde, de Educação… E nas pastas da Fazenda, do Planejamento?? Não é uma questão de homens contra mulheres é um equilibro de visões de mundo”, acrescentou.
“As mulheres passam muitas dificuldades na política e estamos traçando um caminho para uma participação cada vez maior”, disse entusiasmada a também estreante na Assembleia, deputada Marli Paulino (SD).
Flávia Francischini (União) celebra parte do caminho já pavimentado pela entrega pessoal e política de tantas mulheres. “Anos atrás tivemos um enfrentamento muito maior. Vejo os eleitores aceitando muito mais. Temos conseguido levantar muitas bandeiras. Estive na Câmara e tive a satisfação e a felicidade de todas as vezes que apresentei um projeto de lei, ter a aceitação e aprovação por unanimidade. Daqui para frente, teremos cada vez mais mulheres na política mostrando que a mulher pode estar onde ela quiser”, afirmou, confiante.