“Guarda-roupa e colchão é corriqueiro a gente tirar dos rios. A população joga muita coisa. Vemos roupas de doação, sacolas de lixo. Em um trecho do Belém próximo de uma ocupação vi jogarem fraldas pela janela, direto no rio”, diz o chefe de serviço do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Rafael Garcia.
De janeiro até o dia 13 março, as equipes de limpeza da Prefeitura retiraram dos rios de Curitiba 289 toneladas de lixo. Sim, foram precisamente 289.140 quilos de resíduos dos mais diversos tipos num trabalho feito de segunda a sábado por duas equipes da SMMA. Esse lixo todo foi retirado das bacias dos rios Belém, Barigui, Atuba e Passaúna.
Para se ter uma ideia do peso de tudo isso, um elefante africano adulto, animal mais pesado da terra, chega a 6,3 toneladas. Isso significa que todo lixo retirado dos nossos rios nesses três meses de 2018 equivale ao peso de quase 46 elefantes africanos.
Nessa linha de comparação pode-se dizer que o material descartado nos nossos rios nesse período tem mais peso do que uma baleia azul adulta, o maior mamífero do qual se tem registro, que chega a 200 toneladas.
De norte a sul
E o descaso com o meio ambiente não tem endereço fixo. Segundo Garcia, só em fevereiro foram retiradas 15 toneladas de lixo no trecho do Rio Belém desde o Parque das Nascentes até o São Lourenço, no Norte da Cidade. Na CIC, na Região do Vitória Régia, foram outras 15 toneladas, no mesmo mês, de canais que deságuam no Barigui.
Curitiba tem seis Bacias Hidrográficas: Atuba, Belém, Iguaçu, Barigui, dos Padilhas e Passaúna. Todas deságuam no Rio Iguaçu. A maior delas é a do Barigui que começa no norte da cidade, passa pelos parques Tingui, Barigui, Campina do Siqueira, CIC, Vila Barigui e encontra o Iguaçu na divisa com Araucária, na região da Caximba.
A bacia dos Padilhas passa pelas regiões do Capão Raso, Xaxim, Pinheirinho, Sítio Cercado, Bairro Novo e Osternack. A bacia do Belém, que leva o nome do rio que tem a nascente e a foz dentro de Curitiba, começa no Cachoeira, passa pelo Centro, Rodoferroviária, Vila das Torres, divide o Uberaba do Boqueirão e desce até o Iguaçu, na divisa com São José dos Pinhais.
A Bacia do Rio Atuba percorre as divisas metropolitanas nos limites de Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais. A do Passaúna passa pelo noroeste e oeste da cidade nas regiões do Butiatuvinha, Riviera, São Miguel e Augusta.
No território de Curitiba a bacia do Iguaçu passa pelo Uberaba, pelo Parque da Imigração Japonesa, pelo Zoológico, segue ao Pinheirinho, Umbará, Ganchinho até a divisa com Fazenda Rio Grande.
Obras
A Prefeitura tem investimentos permanentes em ações contra enchentes. São bases do planejamento neste contexto o Plano Diretor de 2002 da então Superintendência de Recursos Hídricos (Sudersha); o Plano de Macrodrenagem de 2009; o Programa de Drenagem Sustentável (2010); o Programa de Prevenção a Desastres Naturais (2011); o Plano Diretor de Drenagem e o Plano Municipal de Saneamento Básico, aprovado pelo prefeito neste ano e que inclui os planos de drenagem, resíduos sólidos, por parte do município e de abastecimento e esgoto pela concessionária (Sanepar).
Investimentos em drenagem
Total de R$ 452.960.002,28 em repasses do MCidades garantidos ao Município de Curitiba
– R$ 253.431.523,62 em projetos aprovados aguardando autorização do MCidades para início do projeto licitatório (homologação da SPA)
Bacia do Rio Belém: R$ 215.552.553,35
Bacia do Rio Barigui: R$ 37.878.970,27
– R$ 148.149.727,28 em obras em andamento:
Bacia do Rio Belém: R$ 123.976.480,10
Bacia do Rio Barigui: R$ 24.173.247,18
R$ 5.250.101,32 em licitação:
Bacia do Rio Barigui: R$ 5.250.101,32 – Conduto forçado
R$ 5.846.296,80 licitado aguardando AIO do MCidades:
Bacia do Rio Barigui: R$ 5.846.296,80 – Ribeirão do Mueller
R$ 37.086.861,14 autorizados para licitar:
Bacia do Rio Atuba: R$ 29.325.539,99
Bacia do Ribeirão dos Padilha: R$ 7.761.321,15
R$ 3.195.492,12 em projetos contratados:
Bacia do Rio Ponta Grossa: R$ 195.492,12
Bacia do Ribeirão dos Padilha: R$ 3.000.000,00
Foto: Valdecir Galor/SMCS