O Ministério Público do Paraná apresentou denúncia criminal contra os advogados Claudio Dalledone Junior e Renan Pacheco Canto, por supostos crimes de desacato e desobediência cometidos durante o julgamento de Everton Vargas, condenado pela morte da youtuber Isabelly Cristine Domingos dos Santos, de 14 anos, em um trágico episódio ocorrido em 2018. O julgamento foi realizado no início deste mês no Tribunal do Júri em Pontal do Paraná, no Litoral do estado.
De acordo com a denúncia, os advogados, durante a sessão, teriam desrespeitado a magistrada que presidia o julgamento, gritando contra ela, aproximando-se de maneira considerada intimidatória e acusando-a de usar sua condição de mulher para influenciar o júri contra a defesa. Além disso, o documento aponta que Dalledone e Canto desobedeceram repetidamente às ordens da juíza, que solicitou que eles abaixassem o tom de voz e se comportassem de forma adequada ao ambiente.
As acusações formuladas pelo Ministério Público têm como base o artigo 330 do Código Penal, que prevê detenção de 15 dias a 6 meses e multa para o crime de desobediência, e o artigo 331, que estabelece pena de detenção de 6 meses a 2 anos ou multa para o crime de desacato. A denúncia foi assinada pelo promotor de Justiça Rodrigo Sanches Martins.
Em resposta à denúncia, os advogados divulgaram uma nota à imprensa, afirmando que a acusação “não causa surpresa, embora gere profunda indignação”. Eles classificam a atitude do promotor como um ato de “vingança pessoal” e alegam que as condutas descritas na denúncia não configuram crimes, tampouco foram registradas na ata da sessão do júri. Segundo a defesa, o episódio é fruto de um desentendimento anterior entre os advogados e o promotor, o que teria motivado a denúncia.
Na mesma nota, Dalledone e Canto ressaltaram que, em agosto, haviam apresentado um pedido de providências junto à Corregedoria do Ministério Público contra o promotor Rodrigo Sanches Martins, após este, segundo os advogados, utilizar uma “nomenclatura ofensiva” em documentos oficiais. Durante o julgamento, também solicitaram a expedição de um ofício à Corregedoria do MP para investigar eventuais faltas funcionais do promotor, o que foi deferido pela magistrada responsável pelo caso.