Curitiba recebeu neste domingo (14) mais uma edição da Marcha da Maconha, movimento que defende a descriminalização e a regulamentação da cannabis. Os participantes se concentraram na Boca Maldita, no Centro, e seguiram em caminhada até a Praça 19 de Dezembro, em um ato marcado por músicas, discursos e manifestações culturais.
O encontro ocorreu em um contexto histórico: pouco mais de um ano após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que descriminalizou o porte de pequenas quantidades de maconha para uso pessoal. Em junho de 2024, o STF definiu que a posse de até 40 gramas ou seis plantas fêmeas não deve ser tratada como crime, mas sim como infração administrativa.
O ato contou com a presença da vereadora professora Angela (PSOL) e da deputada federal Carol Dartora (PT), além de representantes de coletivos e movimentos sociais ligados à pauta.
Foto: XV Curitiba.
Em discurso, a vereadora Angela destacou que a política atual de drogas aprofunda desigualdades sociais e lembrou que enfrenta um processo de cassação na Câmara Municipal de Curitiba justamente por defender a legalização:
“As drogas devem ser tratadas como saúde pública, e não como caso de polícia. A chamada guerra às drogas é, na verdade, uma perseguição aos pobres. Precisamos construir uma nova política, baseada na ciência, nos direitos humanos e no cuidado. Eu mesma respondo a um processo de cassação por levantar essa bandeira, mas seguiremos resistindo”, afirmou.
Em entrevista à reportagem, uma das organizadoras, Paty, ressaltou os impactos positivos que a regulamentação poderia trazer:
“A legalização pode movimentar a economia de forma sustentável, além de ampliar o acesso aos usos medicinais, culturais e artísticos. Seguimos sendo criminalizados, e por isso lutamos por justiça social e reparação histórica, ainda mais em uma cidade conservadora como Curitiba”, disse.
Foto: XV Curitiba.
A Marcha da Maconha faz parte de um movimento nacional que, ano após ano, busca ampliar o debate público sobre a cannabis no país.