Na tarde desta quarta-feira (27/11), Curitiba lançou mais um projeto inovador que vai torná-la protagonista de uma revolução logística: a cidade será sede, em 2025, dos testes da empresa Atech para tornar realidade o delivery de produtos com drones direto ao consumidor final.
O lançamento oficial do projeto foi realizado no Parque Tanguá, pelo prefeito Rafael Greca, o CEO da Atech, Rodrigo Persico, e o presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Dario Paixão. Eles acompanharam o voo simbólico que entregou ao prefeito uma placa comemorativa pelo início da parceria.
“O futuro chegou no Parque Tanguá e meu coração está em festa. Não há limite quando a inovação se torna um processo social e passa a ser compartilhada por toda a população. Quando a inovação é compartilhada, como fazemos em Curitiba, nosso horizonte fica cada vez mais amplo”, comemorou Greca.
A parceria foi firmada pelo Vale do Pinhão, por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, com a Atech, empresa do Grupo Embraer especializada em aplicações voltadas ao Controle do Espaço Aéreo e responsável por quase 100% dos sistemas de suporte à tomada de decisão neste campo de atividade.
“Esse voo inaugural é um voo simples, mas muito simbólico. Ele é o início de uma sequência de estudos para ampliar o entendimento do controle de tráfego aéreo de drones, para que, em um futuro próximo, tenhamos várias empresas operando com vários tipos de drones diferentes”, destacou o CEO da Atech, Rodrigo Persico.
Escolha pela inovação
Ele destacou que a empresa escolheu Curitiba para iniciar os testes pelo perfil de cidade de vanguarda e inovação.
“Curitiba é uma cidade líder e muito reconhecida por sua capacidade de inovação, sempre na fronteira do conhecimento. Não poderia ter uma cidade melhor para começar esse estudo”, disse.
Também pesou para a escolha o fato de que a unidade responsável pelo controle e gerenciamento do espaço aéreo da Região Sul e adjacências está em Curitiba, o Cindacta II (Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). A proximidade facilita o contato com órgãos normativos subordinados ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), visto que cada teste deverá receber aprovação do seu percurso.
Voo simbólico
O voo simbólico foi feito com a decolagem de um drone VLOS (sigla de Visual Line Of Sight, em que o piloto, em solo, mantém o contato visual direto com o drone) de tecnologia 100% nacional, da Embraer, que partiu da parte mais baixa do Tanguá, na área de caminhada.
O veículo aéreo, com capacidade para cargas de até 5 quilos, subiu acima do belvedere do parque e pousou no Jardim Poty Lazzarroto, em um percurso de aproximadamente 110 metros de altura e cerca de 900 metros de distância.
Os testes a partir de 2025 serão bem mais desafiadores. A implantação do serviço de delivery por via aérea com drones será feita com outro tipo de veículo: os drones de rotas de BVLOS (sigla para Beyond Visual Line of Sight, além do alcance visual do piloto ou de um observador), o que permite percorrer maiores distâncias.
Legislação para a inovação
A parceria foi firmada pela Prefeitura por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, que assinou o acordo de cooperação com a Atech para o Projeto de Pesquisa de Operações BVLOS em Ambiente Urbano.
O acordo, válido por um ano, permite o desenvolvimento dos sistemas necessários para assegurar o serviço de forma segura e efetiva, para que seja regulamentado.
A parceria foi possível pelo Sandbox Regulatório de Curitiba, criado por decreto municipal em 2021 e que autoriza, de forma experimental e temporária, os testes de produtos e serviços inovadores na cidade sem a necessidade da totalidade de licenças e alvarás normalmente exigidos.
“Isso só foi possível com a aprovação da Lei da Inovação, pela nossa Câmara de Vereadores, para que eu a sancionasse. Essa legislação mostra que Curitiba aceita qualquer teste de inovação desde que homologado no território nacional”, disse o prefeito.
O Sandbox Regulamentário de Curitiba foi criado pelo do Decreto 1885/2021, substituído pela Lei Municipal 16.344/2024, sancionada por Greca em junho deste ano.
Desafios e escalabilidade
O projeto vem sendo desenvolvido em fase laboratorial pela Atech há três anos, para que seja levado para os testes em ambiente real em Curitiba.
Voos com drones em rotas BVLOS já foram testados no Brasil, em rotas sem concentração de população, ou pontualmente, de um determinado posto de distribuição, em ambientes aéreos controlados e não em ambiente urbano.
Em Curitiba, o objetivo é colocar os drones no espaço aéreo da cidade, em entregas reais, considerando áreas de edifícios, áreas verdes, redes de fiação elétrica e diferentes condições climáticas.
Andamento dos testes
A relevância dos estudos em Curitiba é contribuir para “pavimentar o caminho” por onde uma malha complexa de drones possa sobrevoar e que a empresa possa tornar o delivery com esses equipamentos um produto escalável, em uma corrida tecnológica com outras empresas de tecnologia aéra do mundo.
“Várias empresas estão estudando formas de viabilizar esse novo tipo de logística, em uma onda que começa a crescer e, quando isso acontecer, queremos já apresentar uma plataforma regulamentada pelo Decea e pela Anac (Agência Nacional de Aviação Comercial)”, explicou Persico.
No cronograma na capital paranaense, a empresa pretende iniciar com estudos preliminares da cidade e seu espaço aéreo, para só então começar a projetar uma malha de tráfego mais complexa. O presidente da Agência Curitiba estima que os testes possam ocorrer nas imediações do Engenho da Inovação, no Rebouças, e Prado Velho. “Mas isso ainda vai ser confirmado. A prioridade é assegurar a segurança de todos”, disse.
Mundo afora
A empresa da Embraer quer adiantar ao máximo o cronograma de testagem, visto que essa é uma tecnologia que várias outras empresas estão tentando viabilizar e sair em vantagem no mercado.
Mundo afora, já há algumas experiências práticas do delivery com drones. Na China, há cidades com a entrega comercial de produtos. Nos Estados Unidos, Walmart e Amazon iniciaram operação em Dallas (Texas).
A proposta brasileira a ser testada na capital paranaense será com tecnologia nacional e com base em padrões internacionais e nos conceitos de operação sobre o espaço aéreo divulgados nos Estados Unidos, Europa e Brasil.
A Atech
Uma das empresas do Grupo Embraer, a Atech é líder em soluções tecnológicas para sistemas críticos. Com sede em São Paulo e quase 40 anos de expertise, tem um legado de inovação que começou com o desenvolvimento de sistemas de controle de tráfego aéreo em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB).
A empresa, 100% brasileira, se destaca pela entrega de soluções altamente confiáveis e inovadoras, como os sistemas que asseguram a eficiência do tráfego aéreo no Brasil, e tem ampliado seu portfólio para atender às crescentes demandas globais do mercado corporativo, com soluções inteligentes para setores como segurança pública, energia, logística e cidades inteligentes.
Também acompanharam o evento pela Atech: o diretor de Negócios, Marcos Ribeiro Resende; o gerente executivo de Programas, Agenir de Carvalho Dias; o assessor estratégico João Batista Oliveira Xavier e o especialista em Engenharia de Sistemas, José Airton Patricio. Também prestigiaram o voo inaugural os vereadores Pastor Marciano, Professor Euller, Leonidas Dias, Mauro Bobato e Tico Kuzma; o diretor-geral da Secretaria de Desenvolvimento do Paraná, Marcos Stan; o coronel Jorge Alexandre, representando o comando do Cindacta; os secretários municipais de Esporte, Lazer e Juventude, Mario Augusto Fontoura Junior, e da Comunicação Social, Cinthia Genguini; a presidente do Instituto Municipal de Turismo (IMT), Tatiana Turra; e o assessor especial do gabinete do prefeito, Lucas Navarro.