No coração de Curitiba, um drama humano se desenrola em meio a concretos e contratos. Uma construtora adquiriu recentemente dois prédios na área central da cidade, visando desenvolver um novo empreendimento imobiliário. A compra parecia um negócio rotineiro, exceto por uma resistência: Maria Juracy Aires, a única moradora que se recusa a vender seu apartamento.
Maria Juracy, uma aposentada que adquiriu seu lar em 1979, tem uma ligação emocional profunda com o espaço. Apesar de ter alugado o imóvel por algum tempo e depois passado aos seus filhos, o apartamento permanece um símbolo de sua vida e lutas pessoais. Recentemente, após ser diagnosticada com um tumor na garganta, Maria passou por cirurgia e agora enfrenta sessões de radioterapia e quimioterapia. Em meio a essa batalha pela saúde, ela recebeu centenas de mensagens de apoio, reforçando seu desejo de permanecer no local que chama de lar.
Na última segunda-feira, a situação de Maria ganhou destaque no jornal “Folha de S.Paulo”, chamando atenção para o seu caso. Enquanto todos os outros apartamentos dos prédios já foram negociados pela construtora, o de Maria permanece como um bastião de resistência. O condomínio, agora quase abandonado, tornou-se um refúgio noturno para moradores de rua e usuários de drogas, adicionando uma camada de urgência ao seu apelo por segurança.
A construtora, que planeja transformar o espaço em um complexo moderno, optou por não comentar o caso, indicando que qualquer pronunciamento ocorrerá apenas no âmbito judicial. Este cenário é um reflexo de uma discussão maior sobre desenvolvimento urbano em Curitiba, onde prédios antigos frequentemente dão lugar a novas estruturas, como estacionamentos e centros comerciais.
A situação de Maria Juracy Aires destaca a complexidade das transformações urbanas, onde o progresso arquitetônico muitas vezes colide com histórias pessoais e memórias, levantando questões sobre o valor real de um lar.