O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) abriu um inquérito para investigar possíveis danos morais causados à honra e dignidade das religiões de matriz africana pela cantora Cláudia Leitte. O caso diz respeito à alteração da letra da música “Caranguejo”, em que a menção à orixá Yemanjá foi substituída por “Yeshua”, em referência a Jesus Cristo, durante apresentações recentes.
A ação foi motivada por uma representação da Iyalorixá Jaciara Ribeiro e do Instituto da Década Afrodescendente do Brasil (Idafro). A Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa lidera a investigação e estabeleceu um prazo de 15 dias para que Cláudia Leitte se manifeste sobre o ocorrido. Além disso, os compositores da canção serão ouvidos, e uma audiência pública está marcada para 27 de janeiro de 2025, às 14h, no auditório do MPBA em Salvador.
Vídeos das apresentações da cantora em dezembro mostram a alteração do trecho “Saudando a rainha Iemanjá” para “Eu canto meu Rei Yeshua”. A mudança gerou críticas de líderes religiosos e especialistas em cultura afro-brasileira, acendendo o debate sobre intolerância religiosa e respeito às tradições culturais.
O episódio ocorre durante as comemorações dos 40 anos do Axé Music, movimento que destacou a influência das religiões de matriz africana na música popular brasileira. O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, também se manifestou contra a substituição de referências aos orixás em músicas que originalmente os citam.
O MPBA destacou que a audiência pública contará com a participação da sociedade civil, conforme edital a ser divulgado nos próximos dias, buscando promover o diálogo sobre o tema e avaliar as implicações da alteração na letra da música.