Simetria e atenção aos detalhes são algumas das marcas da direção de fotografia assinada pela cineasta curitibana Heloisa Passos, que conquistou seu segundo troféu Eye Honors, prêmio internacional de cinema, em Nova Iorque, em janeiro deste ano com o longa de não-ficção Nothing Lasts Forever (Nada Dura Para Sempre). A produção é dirigida por Jason Kohn e está disponível na plataforma de streaming Netflix.
“Eu era a única brasileira na premiação, foi um momento de olhar para minha trajetória com orgulho, o prêmio renovou minha energia e autoestima”, conta Heloisa.
O documentário revela a crise da indústria dos diamantes com a chegada de itens de diamantes sintéticos ao mercado. A produção do longa durou cerca de dez anos, e Heloisa esteve presente neste tempo, juntamente com o diretor Jason Kohn, com quem já havia colaborado no documentário Manda Bala (2007), que lhe rendeu seu primeiro Eye Honor, como também o prêmio de melhor direção de fotografia no Festival de Sundance (EUA).
Nada Dura para Sempre foi um projeto longo, que por ser um assunto ainda muito encoberto, dificultou nosso acesso aos espaços industriais, mas receber novamente o Eye Honor, 16 anos depois e ao lado de Jason, é um reconhecimento do nosso trabalho”, comenta a fotógrafa.
Pioneirismo
Com o novo gás vindo do prêmio e a comemoração de 35 anos de sua produtora, a Maquina Filmes, sediada em Curitiba, Heloisa entra em 2024 com animação. Dois filmes em que assina a direção de fotografia serão lançados: Ciclone e As Vítimas, ambos dirigidos por Flávia Castro. Além disso, a curitibana tem planos de relançar alguns projetos antigos, agora repaginados com novas tecnologias digitais.
Heloisa também relata expectativas de crescimento do cinema curitibano. “Com o desenvolvimento da graduação e do mestrado em Cinema na Unespar (Universidade Estadual do Paraná) e também com o Festival Olhar de Cinema, que é pulsante e coloca Curitiba em um lugar de relevância nacional, sinto entusiasmo com o futuro”.
O Olhar de Cinema é um festival internacional que é realizado em Curitiba desde 2012, com suporte do programa de apoio e incentivo à cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
“A indústria do entretenimento vai além de produzir cultura, mas também é uma fonte de geração de empregos e de renda, e deve ser valorizada”, diz Heloisa.
Curitiba Film Commission
Quem atua no meio do audiovisual em Curitiba, seja na área cinematográfica, televisiva ou publicitária, pode contar com o apoio da Film Commission para produções em espaços públicos.
O órgão governamental foi criado em 2012 com a atribuição de fomentar e estimular a indústria do audiovisual, além de estabelecer mecanismos de apoio técnico e logístico à produção cinematográfica, através do mapeamento dos cenários públicos, urbanos e rurais e do fornecimento de informações a todos os interessados em realizar projetos cinematográficos no território curitibano, em especial, sobre prestadores de serviços do mercado audiovisual.