Cida Borghetti pode ser aposta de Ricardo Barros para derrotar Sergio Moro no Paraná

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Foto: Divulgação

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) tem intensificado suas articulações políticas nos bastidores da federação que une o Progressistas e o União Brasil, movimento que pode redesenhar o tabuleiro eleitoral paranaense. Nesta semana, Barros se reuniu em Brasília com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, e com lideranças da bancada federal e estadual do partido. O encontro reforçou o discurso de fortalecimento do Progressistas no estado e levantou especulações sobre os próximos passos de Barros na sucessão do governo do Paraná — especialmente diante da possibilidade de sua esposa, a ex-governadora Cida Borghetti, voltar à cena política.

Na reunião, Ricardo Barros destacou o peso do partido no Paraná, mencionando a presença de sete deputados estaduais, cinco federais, 61 prefeitos e mais de 500 vereadores. “Queremos fazer a nossa participação importante na sucessão do Paraná”, declarou. A fala foi interpretada por aliados e analistas políticos como um indicativo de que o deputado pretende ter protagonismo nas discussões sobre o futuro da federação no estado — hoje também composta pelo União Brasil, legenda do senador Sergio Moro.

Ciro Nogueira, por sua vez, fez questão de exaltar o desempenho do Progressistas no Paraná e afirmou que as decisões locais sobre a chapa para o governo em 2026 caberão ao diretório estadual, em conjunto com a bancada federal. “Quero deixar bem claro, para que ninguém tenha dúvida, que a definição de quem será candidato a governador será uma decisão do diretório estadual, respeitando a vontade dos progressistas do Paraná”, disse.

Nos bastidores, interlocutores interpretam as falas como um recado direto a Sergio Moro. O senador, que pertence à mesma federação, tem se posicionado como potencial candidato ao governo do estado. O movimento de Ricardo Barros e o discurso de Ciro Nogueira, no entanto, indicam que o PP quer comandar as decisões locais — o que pode resultar no enfraquecimento das pretensões de Moro dentro da aliança.

Ricardo Barros tem demonstrado disposição para recuperar espaço político após o desempenho modesto da filha, Maria Victoria, nas eleições municipais de 2024, quando concorreu à Prefeitura de Curitiba e terminou com votação inferior à do vereador mais votado da capital. À época, a candidatura enfrentou resistência, inclusive entre aliados do governador Ratinho Junior (PSD), de quem Barros havia sido secretário.

Cida Borghetti, esposa do deputado, também é um nome conhecido na política paranaense. Foi vice-governadora de Beto Richa (PSDB) e assumiu o comando do estado em 2018, após a renúncia do tucano para disputar o Senado. O mandato curto — e sem grandes entregas políticas — ficou marcado como um período de transição, o que rendeu à ex-governadora o apelido de “governadora tampão” nos bastidores políticos.

Agora, a reaproximação de Ricardo Barros com Ciro Nogueira e a ênfase no “papel decisivo” do PP na sucessão estadual reforçam a leitura de que o parlamentar trabalha para recolocar a família no centro das articulações políticas do Paraná — mesmo que isso signifique confrontar, silenciosamente, a influência de Sergio Moro dentro da federação.

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