Diego dos Anjos, marido de Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Rio Grande do Sul, revelou novos detalhes à Polícia Civil sobre sua relação com a acusada e os eventos que antecederam o crime. Em depoimento, ele afirmou que a relação do casal começou a se deteriorar após a morte de seu pai, Paulo Luiz dos Anjos, cuja causa, segundo investigações, também teria sido envenenamento por arsênio.
Inicialmente, Diego acreditava que a morte do pai havia ocorrido devido ao consumo de uma banana contaminada por enchentes. No entanto, exames posteriores indicaram a presença da substância tóxica no corpo da vítima. Três meses após essa perda, ocorreu o episódio do bolo envenenado, que levou à morte de Maida Berenice Flores da Silva, Neuza Denize Silva dos Anjos e Tatiana Denize Silva dos Anjos.
No depoimento, Diego relatou um desentendimento com Deise no dia 21 de novembro de 2024. A discussão teria ocorrido porque a acusada desejava que a sogra, Zeli dos Anjos, passasse o Natal com eles, enquanto Zeli preferia estar com suas irmãs. Diante do impasse, Diego decidiu sair de casa e passou alguns dias na residência da mãe, em Canoas, retornando somente no dia 25 de novembro para Nova Santa Rita.
No relato à polícia, ele mencionou que, durante a briga, segurou Deise pelos braços porque ela estava jogando roupas nele. Mesmo com a prisão da esposa, Diego afirmou que continua usando a aliança, pois seu filho a associa diretamente à mãe.
As suspeitas sobre Deise começaram a ser levantadas quando as autoridades identificaram um padrão nos casos de envenenamento. Em 2020, José Lori da Silveira Moura, pai da acusada, morreu aos 67 anos, supostamente por cirrose. Contudo, os investigadores desconfiam que ele tenha sido envenenado gradualmente com arsênio. O corpo será exumado para verificar essa hipótese.
Em setembro de 2024, Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, morreu após ingerir leite em pó contaminado com arsênio. De acordo com as investigações, Deise teria comprado a substância pela internet ao longo de quatro meses e tentado convencer a família a cremar o corpo para ocultar provas.
O crime mais recente ocorreu na véspera de Natal. A sogra de Deise preparou um bolo para a confraternização familiar em Torres, sem saber que a farinha usada estava contaminada com arsênio. Seis pessoas ingeriram o alimento, resultando na morte de três delas. Outros familiares foram internados, mas receberam alta.
Deise Moura dos Anjos foi presa preventivamente no dia 5 de janeiro de 2025, acusada de triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio. Exames laboratoriais confirmaram a presença de arsênio nas vítimas e no bolo. O corpo do sogro foi exumado, e também apresentava vestígios da substância. Além disso, Diego e o filho da acusada realizaram exames que testaram positivo para exposição ao arsênio.
As investigações seguem em andamento para esclarecer se há outras vítimas e quais seriam as motivações por trás dos envenenamentos.