Café fica 90% mais caro em Curitiba nos últimos 12 meses

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Foto: Ilustração.

O café moído, item essencial na rotina de muitos brasileiros, registrou a maior alta de preços em Curitiba no acumulado de 12 meses. Segundo dados do Boletim da Inflação, elaborado pela Fecomércio PR com base no IPCA do IBGE, o produto acumulou uma inflação de 90,95% entre maio de 2024 e abril de 2025, superando inclusive a média nacional de 80,20% no mesmo período.

O relatório aponta que apenas em abril deste ano, o café moído teve aumento de 3,85% na capital paranaense, enquanto a média nacional foi de 4,48%. No acumulado de janeiro a abril de 2025, o preço do produto subiu 44,87% em Curitiba, frente aos 35,87% no Brasil.

De acordo com o economista e assessor econômico da Fecomércio PR, Lucas Dezordi, a forte valorização é resultado da oferta limitada e da demanda crescente. Eventos climáticos extremos — como secas, geadas e ondas de calor — prejudicaram a produção global, afetando especialmente países como Vietnã e Etiópia, o que fortaleceu o papel do café brasileiro no cenário internacional.

Outro fator que impulsiona o preço é a expansão das exportações. Em março, por exemplo, as vendas externas de café do Paraná aumentaram 69% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A demanda interna também influencia: novos hábitos de consumo, especialmente entre os mais jovens, fazem crescer o movimento em cafeterias. A China, por exemplo, saltou da 20ª para a 6ª posição entre os maiores compradores do café brasileiro.

Outros itens com alta de preços

Além do café, outros alimentos apresentaram altas expressivas no IPCA de abril em Curitiba e Região Metropolitana. Entre os destaques estão:

  • Batata-inglesa: +42,76%

  • Tomate: +14,22%

  • Melão: +13,36%

  • Manga: +7,61%

No acumulado do ano, o tomate lidera com 49,86%, seguido por café moído (44,87%), manga (43,95%), ovo de galinha (36,85%) e cenoura (22,54%).

Esses aumentos são parcialmente atribuídos à sazonalidade e à entressafra, mas a tendência é que os preços comecem a se estabilizar nos próximos meses, segundo análise de Dezordi.

Grupos que puxaram a inflação

Em abril, o grupo Alimentação e bebidas foi o principal responsável pela inflação registrada, tanto no Brasil (0,43%) quanto em Curitiba e região (0,37%). Também se destacou o grupo Saúde e cuidados pessoais, que apresentou alta de 1,18%, influenciado principalmente pelo reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, autorizado desde 31 de março. Somente os remédios subiram 2,32% no mês.

Segundo o economista da Fecomércio PR, remédios e alimentos são altamente sensíveis à variação cambial. A desvalorização recente do real contribuiu para pressionar os preços desses produtos. Além disso, as queimadas afetaram a produção de pastagens, impactando diretamente o custo das carnes.

No acumulado de 12 meses, a inflação geral pelo IPCA foi de 5,53% no Brasil e 5,44% em Curitiba e Região Metropolitana.

Produtos com queda nos preços

Apesar das altas, alguns itens registraram queda no IPCA-Curitiba em abril. Os principais foram:

  • Pepino: -21,45%

  • Passagem aérea: -19,91%

  • Cenoura: -12,28%

  • Melancia: -6,95%

  • Mamão: -6,23%

  • Arroz: -5,98%

  • Feijão preto: -5,88%

No acumulado do ano, também houve recuo nos preços de passagem aérea (-20,38%), feijão preto (-16,68%), pacote turístico (-10,13%), ônibus urbano (-10,00%), arroz (-9,46%) e banana-d’água (-9,11%).

Já na comparação dos últimos 12 meses, os maiores recuos foram verificados nos preços de cebola (-56,88%), cenoura (-36,67%), feijão preto (-25,70%), pepino (-22,49%), batata-inglesa (-20,49%), banana-prata (-19,15%), mamão (-15,81%) e tilápia (-14,33%).

 

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