Foto – Créd. Festival de Curitiba
Na última quinta-feira (5), o novo Café do Teatro, reabriu oficialmente as portas na capital paranaense. Completando 35 anos, o retorno ocorre em um espaço totalmente dedicado à valorização artística e à cena cultural do Paraná, localizado na Rua XV de Novembro, 1037, ao lado da entrada do Guairinha, no Centro.
A tradição em atender o público até tarde da noite, logo após a saída dos espetáculos, oferecendo opções de drinks, gastronomia em um local propício para conversar com amigos e conhecer pessoas novas, permanece, tendo o horário de funcionamento das 20h até o último cliente, de segunda-feira a domingo.
No cardápio do Café do Teatro, as já conhecidas e crocantes batatas suíças, além de seu famoso sanduíche Ventre do Minotauro (baguete, mignon, provolone e champignon), que pretendem ser os protagonistas. A decoração é inspirada no teatro paranaense, com referências, figurinos, objetos de cena e premiações expostos no ambiente.
O novo Teatro do Café – A ideia pode parecer ousada, mas a proposta é de um teatro dentro de um café-bar. O novo Café do Teatro seria, então, um café-teatro-bar. Todos os artistas podem contar com mais este palco em Curitiba. O espaço cênico mede 7 metros de parede a parede. Além do “Teatro do Café”, o novo Café do Teatro tem lugar para exposições de mostras e obras, como o painel fixo de lambe-lambe, “Um Novo Palco”, da artista plástica paranaense Bruna Alcântara.
“Um Novo Palco”, por Bruna Alcantara – Essa era uma vontade que rodeava a artista Bruna Alcantara por anos. “Eu queria procurar histórias em acervos públicos da cidade onde vivo, Curitiba, e reviver mulheres de outras décadas. Em acervos online e físicos, me deparei com uma história emocionante na Casa da Memória, equipamento da Fundação Cultural de Curitiba, de um antigo cassino, no bairro Ahú, por coincidência, o bairro onde vivo”, explica. O Cassino Ahú funcionou dos anos de 1939 a 1946, quando foram proibidos os jogos de azar pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. “Nesses poucos anos, entre jogatinas e festas, num palco de madeira com cortinas vermelhas, centenas de mulheres artistas se apresentaram. As fotos não negam: o lugar respirava arte”, completa Bruna. Ainda segundo a artista, as imagem interagem perfeitamente com o novo espaço. “Quando fui convidada pelo Novo Café do Teatro para a construção de um mural, não tive dúvidas em usar essas fotografias para construir o meu trabalho sobre elas. Quem foram essas mulheres e o que faziam? Não sei, mas posso garantir que agora, elas estão novamente se apresentando. Então abram as cortinas que vem aí “Um Novo Palco”, meu projeto feito especialmente para o Café do Teatro. Que estejam vivas na nossa memória, a memória de tantas outras: somos luta, somos arte e somos resistência. Coragem, por amor à arte”, finaliza. A obra de Bruna Alcantara pretende ser uma das principais atrações no novo espaço.
História – Criado em 1987, ainda chamado de Café Poesia, o Café do Teatro reunia, desde então, o público formado por artistas, jornalistas e admiradores da cultura. “A proximidade do Guaíra e a frequência de gente nessa região era muito forte. Era gente ligada à cultura. O Leminski era um habitué do Café Poesia, a Alice Ruiz, logicamente. Tinham jornalistas como o Jacques Brand, cineastas, artistas, bailarinos. As pessoas se reuniam nele, nessa época, para criar situações culturais interessantes. Eram produzidos ali espetáculos de dança, de teatro, livros”, relembra Ruben Frota, o primeiro dono do estabelecimento. Foi em 1989 que Ulle Fulgraff assumiu o ponto e batizou, dali em diante, com o nome que todo mundo já ouviu falar: o Café do Teatro.
“Foi em um ato impensado!”, define o iluminador teatral Beto Bruel, sobre a compra do estabelecimento em 1997. “Mas imagina quantos projetos não partiram dali, de uma conversa de bar? Era um ambiente de troca de ideias porque os jornalistas saiam do jornal e se juntavam com os artistas. No Café e no Bar Palácio que isso acontecia. Dentro da história do teatro paranaense, o Café do Teatro tem uma porção significativa na formação de planos e ideias. E, como nós vivemos de sonho, nada como proporcionar um lugar que possa contribuir para isso. Ajudamos muitas pessoas a sonhar”, complementa. Bruel, terceiro proprietário antes da última venda, segue otimista com as novidades que chegam nesta nova temporada do Café do Teatro.
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