O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu nesta quarta-feira (14) a possibilidade de que as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tenham começado durante sua gestão. Apesar disso, ele afirmou que o esquema ganhou maior proporção no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro também declarou apoio à criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos indevidos aplicados a benefícios de aposentados e pensionistas.
Durante entrevista ao portal UOL, Bolsonaro comentou que, caso fique comprovada a participação de membros de seu governo no esquema, os responsáveis devem ser responsabilizados. “É possível e vai ser investigado. Se, porventura, alguém do meu governo fez algo de errado, pague. E ponto final”, disse. Ele ainda ressaltou que parlamentares da direita assinaram o pedido de abertura da CPMI, enquanto partidos como PT, PSOL e PDT não aderiram à proposta.
A iniciativa da oposição foi formalizada no Congresso Nacional no dia 12 de maio, com o protocolo de um requerimento para a criação da CPMI do INSS. A proposta contou com o apoio de 223 deputados e 36 senadores, a maioria ligados ao Centrão e ao PL.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal, por meio da Operação Sem Desconto, revelaram um esquema de descontos não autorizados em benefícios previdenciários. De acordo com a corporação, entidades de classe firmavam acordos de cooperação técnica com o INSS para realizar essas cobranças, sem consentimento dos beneficiários. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Bolsonaro reconheceu as dificuldades de manter uma gestão completamente livre de corrupção, mas destacou que o esquema ganhou repercussão durante a atual administração. “É como zero absoluto, não tem como chegar lá. Tem que investigar. Agora, explodiu no governo do Lula”, afirmou.
A CPMI, se instalada, terá como foco apurar a extensão e os responsáveis pelo esquema, além de avaliar os contratos firmados com o INSS nos últimos anos.




