No último sábado (2), uma tragédia abalou a comunidade brasileira no Líbano: uma bebê de apenas um ano, chamada Fátima Abbas, perdeu a vida em um bombardeio israelense na região de Hadeth, subúrbio de Beirute, capital libanesa. A confirmação da morte veio por meio do Ministério das Relações Exteriores, que lamentou o ocorrido e expressou condolências à família da vítima.
A família de Fátima, que ainda estava no país do Oriente Médio, fazia planos para retornar ao Brasil, mais precisamente para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde vivem outros familiares. Eles aguardavam um voo de repatriação disponibilizado pela Força Aérea Brasileira (FAB), parte de uma operação para resgatar brasileiros em meio ao conflito intensificado entre Israel e o grupo extremista Hezbollah.
Os ataques israelenses, que começaram a se intensificar em setembro, têm atingido diversas áreas civis no Líbano, resultando em um número crescente de vítimas. Até agora, três brasileiros morreram em bombardeios. Além de Fátima Abbas, outras duas vítimas foram registradas: Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, morto em um ataque a uma fábrica de produtos de limpeza da família, e Mirna Raef Nasser, de 16 anos, natural de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
O Itamaraty divulgou uma nota condenando veementemente os bombardeios e reforçou o apelo para a cessação imediata das hostilidades. A posição do governo brasileiro é clara: ataques contra zonas civis são inaceitáveis e agravam a situação humanitária no país.
Em resposta à escalada de violência, o governo brasileiro deu início, em outubro, a uma operação de resgate dos brasileiros em território libanês. Aproximadamente três mil pessoas se registraram para deixar o país. Até o momento, mais de dois mil repatriados e cerca de 20 animais de estimação já retornaram ao Brasil. Na última terça-feira (5), o décimo voo da missão chegou à Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, transportando 213 passageiros e quatro animais.
A cidade de Foz do Iguaçu, destino de muitos repatriados, tem se mobilizado para receber seus conterrâneos. Com a segunda maior comunidade libanesa do Brasil, o município criou o Comitê Especial de Atenção aos Repatriados e Migrantes do Líbano. Esse grupo reúne representantes da prefeitura, do governo estadual, do governo federal e da sociedade islâmica local, oferecendo suporte psicológico e assistencial. O projeto conta com voluntários para reforçar o apoio às famílias que chegam em busca de segurança e recomeço.
Até o final de outubro, 259 repatriados já haviam desembarcado em Foz do Iguaçu, e a expectativa é de que o número aumente significativamente nas próximas semanas, podendo chegar a quatro mil pessoas.