Curitiba, uma cidade que harmoniza modernidade com tradição, possui uma rica história refletida em suas construções mais antigas. Cada edifício e casa preserva memórias valiosas que contam a evolução da capital paranaense ao longo dos séculos. Neste artigo, vamos explorar cinco lugares antigos de Curitiba, cada um com suas próprias histórias e significados, que vão desde residências coloniais até majestosos castelos e palacetes. Vamos embarcar em uma viagem no tempo e descobrir as joias arquitetônicas que ajudam a moldar a identidade cultural de Curitiba.
A Casa Romário Martins, localizada no número 30 do Largo da Ordem, é a construção mais antiga de Curitiba, um exemplar da arquitetura colonial portuguesa datado do final do século 18. Esta casa serviu como espaço residencial e comercial por cerca de dois séculos e foi tombada pelo estado em 1971 e pelo município em 1972. Em 1973, transformou-se em um espaço dedicado à preservação da memória histórica da cidade.
A data precisa de sua construção é incerta devido à falta de documentos da época, mas suas características arquitetônicas confirmam sua origem no final do século 18. Inicialmente pertencente a Lourenço de Sá Ribas, a casa abrigou o Armazém do Paiva no final do século 19 e, posteriormente, o Armazém Roque, além de um açougue e uma peixaria.
Após o tombamento, a casa foi restaurada pelo arquiteto Cyro Corrêa Lyra. Hoje, a Casa Romário Martins é um importante ponto de referência para a história de Curitiba, preservando um marco significativo do passado e oferecendo às futuras gerações a oportunidade de entender a evolução arquitetônica e cultural da cidade.
Palacete Wolf, os imigrantes austríacos Joseph e Thereze Wolf chegam ao Brasil entre 1856 e 1862. Junto ao filho Fredolin Wolf, Joseph constrói o Palacete Wolf, após um pedido de concessão do terreno em frente à Igreja do Rosário, em 1875, para a Câmara Municipal. Não era de interesse da família residir na edificação, e sim alugá-la – Palacete que já foi o Quartel General do Exército, onde o general Ewerton de Quadros decretou a morte do Barão do Serro Azul e de mais cinco pessoas, durante a Revolução Federalista de 1893-1895.
Pouco depois, quando a Câmara ocupava um outro prédio da família Wolf na praça Tiradentes, em 1901, o imóvel foi oferecido à municipalidade por Sophia Wolf, filha de Joseph responsável pela tutela de seus negócios desde 1898. É só entre 1911 e 1913 que foi sede da Câmara Municipal e da Prefeitura de Curitiba, que em seguida mudaram-se para o Palacete Zacharias.
O Castelo do Batel, situado na região mais nobre de Curitiba, é uma relíquia arquitetônica que representa uma época gloriosa. Concretização do sonho do cafeicultor Luiz Guimarães, o castelo foi inspirado nos castelos franceses do vale do Loire. Sua construção começou em 1924 e foi concluída em 1928. Guimarães, em suas frequentes viagens à Europa desde 1912, desenvolveu uma predileção por tudo que é belo, o que o levou a idealizar uma residência semelhante às que admirava. O arquiteto Eduardo Fernandes Chaves foi responsável pelo projeto e pela construção da mansão, considerada na época uma casa residencial “sem paralelo no Brasil”.
O castelo recebeu muitos visitantes ilustres, incluindo o Prefeito de Curitiba João Moreira Garcês e o jornalista Assis Chateaubriand, que trouxe consigo o ex-Ministro Italiano, conde Dino Grandi.
Em 1947, o castelo tornou-se residência da família do então governador do Paraná, Moysés Lupion. Durante esse período, a residência recebeu figuras importantes como os Presidentes Juscelino Kubitschek, Eurico Gaspar Dutra, Jânio Quadros e João Goulart, além de personalidades internacionais como o Presidente de Portugal Francisco Craveiro Lopes, o vice-Presidente dos EUA Nelson Rockefeller e seu irmão David Rockefeller, a Princesa Yukiro e o Príncipe Takahito Mikasa do Japão, o Príncipe Bernard da Holanda, e muitos outros.
Em 1950, o renomado pintor paranaense Miguel Bakun decorou o Salão dos Papagaios com pinturas que cobrem uma área superior a 640 m². Em 31 de janeiro de 1975, o Castelo do Batel foi tombado pelo patrimônio histórico do Paraná.
Após oito décadas, o Castelo do Batel foi restaurado e ampliado, transformando-se em um exuberante centro de eventos. O projeto de restauro, aprovado pelo Patrimônio Histórico, integrou a arquitetura original com um moderno palácio de vidro e metal de 1.200 m². A nova estrutura conta com a mais alta tecnologia em isolamento termo-acústico, proporcionando um espaço ideal para eventos sociais e empresariais.
A Casa do Burro Brabo, datada da segunda metade do século XIX, por volta de 1860, é um dos últimos exemplares que remetem à arquitetura rural em Curitiba. Localizada no bairro Bacacheri, na antiga Estrada da Graciosa, esta construção histórica desempenhou um papel significativo na vida dos tropeiros que atravessavam o caminho que ligava a capital paranaense ao litoral do estado.
Originalmente, a Casa do Burro Brabo servia como armazém e pousada para tropeiros e seus burros. A lenda popular sugere que os burros ariscos, que impediam as pessoas de se aproximarem, deram nome ao local. A função de hospedagem se tornou famosa ao ponto de contos afirmarem que até mesmo D. Pedro II teria pernoitado na casa durante uma passagem por Curitiba.
Com o tempo, a Casa do Burro Brabo evoluiu e passou a ser conhecida como a “Casa das Francesas”, considerada o primeiro bordel da história de Curitiba. Diferente dos cabarés comuns da cidade, o estabelecimento era procurado por cavalheiros que buscavam discrição ao levarem suas acompanhantes. Esse período de sua história acrescenta uma camada intrigante à sua já rica narrativa.
Construído em 1944, o edifício Brasilino Moura, localizado na Rua Cândido Lopes, 205, foi um marco no Plano Agache, que visava o desenvolvimento urbano de Curitiba. Inaugurado em uma época dominada por edifícios baixos, o Brasilino Moura se destacou como um dos primeiros arranha-céus no centro da cidade, antecedendo a instalação da Biblioteca Estadual, que ocorreu uma década depois.
Projetado pela Construtora Gutierrez, Paula & Munhoz, o edifício possui uma arquitetura singular, caracterizada por sua massa cuneiforme e caixilharia de grandes dimensões. Com nove pavimentos construídos em concreto armado, o Brasilino Moura atende a diferentes tipologias de uso misto, proporcionando acessibilidade a zonas residenciais e comerciais distintas.