Eventos climáticos extremos, temperaturas elevadas, incêndios incontroláveis, fortes chuvas e longos períodos de estiagem: já estamos vivenciando os efeitos severos das mudanças climáticas. O ano passado foi o segundo mais quente da história, sendo que as temperaturas da última década foram recorde.
Cientistas estimam que o ritmo de extinção das espécies animais e vegetais assumiu uma velocidade 1000 vezes maior do que se considerado o processo evolucionário natural, devido às ações humanas. E segundo algumas estimativas, só neste ano já foram desmatados ou queimados 3 milhões de hectares, o equivalente a 20 cidades de São Paulo. Segundo o alerta da Ellen MacArthur Foundation de economia circular, se seguirmos no mesmo ritmo de produção e consumo, em 2050 haverá mais plásticos do que peixes no oceano, alerta. Isto sem falar dos microplásticos, que ingerimos diariamente na água e nos alimentos que consumimos.
Considerando a previsão do crescimento populacional que atingirá 10 bilhões de habitantes daqui a 30 anos, como daremos conta de produzir, consumir, viver e sobreviver num Planeta cujos recursos naturais se tornam cada vez mais escassos? Como sustentar o insustentável? Em meio a um cenário nada otimista e com tantas tendências globais catastróficas, surge uma oportunidade mais do que positiva em direção ao mundo melhor. Você sabia que dos 200 maiores PIB do mundo, 76% são de empresas? Assim, quem melhor do que as organizações para influenciar e transformar o nosso modelo de desenvolvimento?
O Pacto Global das Nações Unidas e o B Lab lançaram o SDG Action Manager, uma ferramenta para ajudar as organizações na gestão da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – os ODS às suas atividades. O SDG Action Manager é o resultado de uma soma das principais agendas globais de sustentabilidade, reunindo a Avaliação de Impacto B do B Lab, os dez Princípios do Pacto Global da ONU e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Aplicável para organizações de qualquer natureza, setor e porte, o SDG Action Manager permite conhecer e gerenciar os impactos positivos e negativos no âmbito de sua atuação, melhorando cada vez mais estes resultados.
Buscar o alinhamento das ações de uma organização aos ODS e suas metas auxiliará a identificar as principais lacunas de atuação, ao mesmo tempo em que fornecem a oportunidade única para que os setores possam se unir no desejo de promover o desenvolvimento sustentável, melhorando a vida das pessoas e do Planeta.
Desde o lançamento dos ODS em setembro de 2015, a evolução do engajamento das nações para a incorporação dos 17 objetivos e das 169 metas foi menor do que o esperado, de forma geral. Considerando 2030 como prazo para o atingimento desta agenda para o desenvolvimento sustentável, ainda há muito a ser feito. Embora a comunidade empresarial e as instituições tenham realizado um importante progresso em prol da Agenda 2030, ainda há muito trabalho e desafios para os próximos 10 anos para buscar melhores escolhas e construir um futuro melhor e mais sustentável para todos, sem deixar ninguém para trás.
Na prática, aderir aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável significa o verdadeiro engajamento para erradicar a pobreza e acabar com a fome, assegurando uma vida saudável, com educação de qualidade, igualdade de gênero e redução das desigualdades, protegendo os ecossistemas aquático e terrestre. Repensar suas matérias-primas e embalagens, reduzir as emissões de gases de efeito estufa na produção e no transporte, garantir o fair trade junto aos fornecedores e um pagamento justo aos colaboradores, bem como melhorar as condições das comunidades do entorno de sua operação. São inúmeras as possibilidades de atuação responsável para um impacto verdadeiramente positivo, as quais já são adotadas por diversas organizações do mundo.
Afinal, só poderemos mudar as tendências do mundo se mudarmos a nós mesmos.
* Mariana Schuchovski é professora de Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br)