O número de atestados médicos emitidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba apresentou uma redução de 43% após a implantação da iniciativa Atestado Responsável, lançada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) em 17 de outubro, em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (Cosems-PR).
Além da queda na emissão de atestados, também foi registrada uma redução de 19% no número de atendimentos médicos nas UPAs após o início da iniciativa.
De acordo com a secretária municipal da Saúde, Tatiane Filipak, houve relatos de pacientes que chegaram às unidades e desistiram do atendimento ao se depararem com os avisos informando que os atestados só seriam emitidos quando houvesse indicação clínica. Segundo ela, esse comportamento indica que parte da procura pelas UPAs ocorria exclusivamente com o objetivo de obter o documento.
A iniciativa passou a ser aplicada em todas as UPAs do município a partir de 20 de outubro, com a instalação de banners que reforçam as regras para emissão de atestados médicos. As orientações informam que o documento é fornecido apenas em casos de internação ou quando há diagnóstico que justifique afastamento do trabalho.
Tatiane explica que a medida tem como objetivo apoiar os profissionais de saúde, que frequentemente sofrem pressão para emitir atestados mesmo quando não há indicação clínica. Segundo a secretária, o atestado médico é um ato exclusivamente médico, baseado no julgamento clínico e na autonomia profissional. Diante de relatos de assédio e tentativas de coação durante os atendimentos, a Secretaria decidiu se posicionar institucionalmente em defesa da categoria.
Para avaliar o impacto da iniciativa, a SMS analisou os dados das semanas epidemiológicas 43 a 48 de 2025, período que vai de 19 de outubro a 29 de novembro, comparando com o mesmo intervalo de 2024, entre 20 de outubro e 30 de novembro. As semanas epidemiológicas seguem um padrão que considera o período de domingo a sábado, permitindo comparações nacionais e internacionais.
Em 2024, as UPAs registraram 181.628 atendimentos médicos nessas semanas. Em 2025, o número caiu para 147.057, representando uma redução de 19%. Já a emissão de atestados passou de 93.871 para 53.147, uma queda de 43%. Com isso, a taxa de conversão — percentual de atendimentos que resultaram na emissão de atestados — recuou de 52% para 36%.
Segundo a secretária, apesar de o período analisado ainda ser curto para conclusões definitivas, os dados indicam uma tendência de redução tanto na procura por atendimento quanto na emissão de atestados nas UPAs.
Na Central Saúde Já Curitiba, serviço de telemedicina voltado a casos leves de urgência, o número de atendimentos médicos permaneceu praticamente estável entre os dois períodos analisados. No entanto, houve uma redução de 31% na emissão de atestados, que caiu de 11.002 em 2024 para 7.626 em 2025. A taxa de conversão nesse serviço passou de 62% para 43%.
Já nas unidades básicas de saúde, os dados mostram um aumento de 3% no número de atendimentos médicos no período analisado, ao mesmo tempo em que houve uma redução de 6% na emissão de atestados. A taxa de conversão caiu de 16% para 15%.
De acordo com Tatiane Filipak, após a implantação da iniciativa nas UPAs e na Central Saúde Já, o próximo passo será ampliar a aplicação para as unidades básicas de saúde. As 109 unidades do município já estão recebendo cartazes com orientações sobre o tema.







