É até certo ponto compreensivo que muitos brasileiros estejam inconformados com o nível da corrupção que assola o país em todas as áreas, inclusive no campo esportivo e que teve tanto na Copa do Mundo, disputada em 2014, quanto nos Jogos Olímpicos, programados para o mês de agosto no Rio de Janeiro, verdadeiros “dutos” de drenagem de dinheiro público desviado, o que agravou ainda mais a crise financeira do país, que colocou na fila do desemprego mais de 12 milhões de trabalhadores.
Assim, analisando sobre este aspecto, não tem um brasileiro, exceto aqueles que participaram das falcatruas, que não deseje apagar a chama da Tocha Olímpica. Mas será que se lançarmos um balde d`agua na tocha ou até mesmo na pira olímpica vamos conseguir trazer de volta tudo aquilo que foi desviado ou gasto desnecessariamente quando existem muitas outras prioridades, como saúde, educação, saneamento, etc? Certamente que não.
Apagar a chama olímpica, além da repercussão negativa que trará a Curitiba e consequentemente ao Paraná, representa um ato de total desconhecimento do significado da chama olímpica, que ao longo dos séculos tem unido povos, mesmo nos momentos mais críticos da humanidade, como o da escalada do nazismo na Alemanha de Hitler ou da chamada Guerra Fria, envolvendo duas das principais nações do mundo – EUA e União das Repúblicas Soviéticas.
Seria o mesmo que lançar um “balde de água” no Olimpismo ou Movimento Olímpico, que tem como um de seus principais objetivos encorajar a participação esportiva e apoiar a ética no desporto, o que cá entre nós brasileiros é muito bem vindo tendo em vista os escândalos que envolvem a CBF, com a prisão de seu ex-presidente José Maria Marin e o desbaratamento da máfia que manipulava os resultados de jogos.
O Movimento Olímpico vai mais além, pois lidera a luta contra o doping, se opõe a abusos políticos e comerciais sobre os atletas, e apoia o desenvolvimento do esporte em todos os níveis. Portanto, ao invés de atacar a Tocha Olímpica, que tal repetir o ato de uma boa “sessão de pastelão” ao estilo Charles Chaplin ou Gordo e o Magro, atirando uma bela torta num corrupto? Como aconteceu com o então presidente nacional do PT, José Genoino falava, em Porto Alegre, durante o discurso do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Econômico Mundial.
Ou, se a torta não estiver à mão, que tal uma bela sapatada, como fez um jornalista iraquiano no final de 2008 contra o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, durante sua visita ao Iraque em guerra? E, por último, que tal um panelaço durante a passagem da tocha como forma de protesto, não contra os Jogos Olímpicos, mas contra os “ratos que corroem o dinheiro público” e que precisam ser banidos a todo custo da vida pública.
O mundo precisa saber que chegou ao fim a paciência dos brasileiros com a corrupção, que corrói a dignidade do cidadão, deteriora o convívio social, contamina os indivíduos e compromete a vida das gerações atuais e futuras. Vamos apagar de uma vez por todas com a corrupção…