Mesmo com todos os ataques que sofreu esse ano, seja por meio de decisões enfraquecendo o combate à corrupção ou de tentativas de abalar a sua credibilidade junto à sociedade brasileira, a Operação Lava Jato segue contando com o apoio da imensa maioria da população. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, 81% dos brasileiros consideram que o trabalho da força-tarefa ainda é essencial para o País.
Segundo levantamento nacional do instituto, 81% dos entrevistados entendem que as investigações da Lava Jato ainda não cumpriram com todo o seu objetivo e, por isso, devem continuar. Outros 15% disseram que elas deveriam acabar e 4% não souberam responder. A pesquisa ouviu 2.948 pessoas em 176 municípios de todo o País entre os dias 5 e 6 na semana passada. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A Operação criada em 2014 possui um histórico de alta aprovação em levantamentos do Datafolha nos últimos anos. Em abril do ano passado, após a prisão do ex-presidiário Lula, 84% disseram que ela deveria ser mantida. Em julho deste ano, 55% dos entrevistados afirmaram que o trabalho de autoridades envolvidas na força-tarefa era ótimo ou bom. Apenas 18% consideravam à época a atuação ruim ou péssima.
No levantamento da semana passada, contudo, o Datafolha também perguntou aos entrevistados se a corrupção no País vai diminuir, aumentar ou continuar na mesma proporção depois da Lava Jato. O resultado mostra ceticismo da população em relação aos efeitos da Operação. Para 47%, a corrupção continuará na mesma proporção de sempre, enquanto 41% entendem que o problema irá diminuir. Para 10%, a corrupção irá aumentar.
Entre as tentativas de enfraquecer a Lava Jato, elenca-se a série de ataques realizados pelo site The Intercept, publicando conversas privadas dos membros da força-tarefa que foram obtidas de forma criminosa; a série de anulações de casos julgados no âmbito da Operação, como as relacionadas à ordem de apresentação das alegações finais; a paralisação de centenas de processos e investigações baseados em dados do COAF e da Receita; e a decisão do Supremo Tribunal Federal que aboliu a prisão após condenação em segunda instância.
Espectro político dos entrevistados
A pesquisa mostrou que as faixas mais críticas ao Governo Jair Bolsonaro duvidam mais dos efeitos da Operação Lava Jato sobre a diminuição da corrupção. Entre quem considera o trabalho do presidente ruim ou péssimo, 65% entendem que a corrupção continuará na mesma proporção de sempre. O mesmo índice aparece entre eleitores que se consideram de esquerda.
Para os entrevistados que se denominam de direita, a perspectiva de que a corrupção irá diminuir sobe para 58%. Entre os que classificam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom, a taxa vai ainda além, para 72%.
Segundo o instituto, o apoio à Lava Jato permanece alto mesmo entre quem declara como partido de preferência o PT de “Lula Livre”, e entre quem votou em Fernando Haddad em 2018. Em ambos os recortes, 75% entendem que a Lava Jato ainda não cumpriu seu objetivo e deve continuar.
A pesquisa também mostra que 85% dos homens apoiam a continuidade da operação, ante 77% das mulheres, e que o respaldo à Lava Jato tende a ser um pouco menor entre eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos (76%). Eleitores com nível de escolaridade superior são os que mais declaram apoio à continuidade da operação, com 87%.
No recorte regional, o apoio à Lava Jato tende a ser mais alto no Sul (com 85%) em comparação com o Nordeste (76%). Os entrevistados nordestinos também são os mais céticos em relação aos efeitos da força-ttarefa sobre a diminuição da corrupção – apenas 34% acreditam nisso.
Fonte: Folha de São Paulo.