"Doutor Sono", continuação do aclamado "O Iluminado", ambos baseados nas obras de Stephen King, está nos cinemas.
Dirigido por Mike Flanagan, de "A Maldição da Residência Hill", o longa se passa algumas décadas após os acontecimentos no Hotel Overlook e acompanha Dan Torrence (Ewan McGregor) em sua vida adulta, ainda marcado pelo trauma que sofreu quando criança, em busca de um pouco de paz. Toda essa atmosfera pacífica é destruída quando ele conhece Abra (Kyliegh Curran), uma adolescente que, assim como ele, possui um dom extrassensorial, conhecido como Brilho. A jovem, então, pede ajuda a Dan para enfrentar Rose Cartola (Rebecca Ferguson) e seus seguidores do grupo Verdadeiro Nó, que se alimentam do Brilho de inocentes, visando a imortalidade.
Na primeira produção (1980), que contou com a direção de Stanley Kubrick, Jack Torrance (Jack Nicholson) parece ter tendências psicológicas agravadas pelo isolamento no Hotel Overlook. O seu sofrimento mental culmina com cenas de perseguição à esposa e ao filho, Danny, personagem que acompanhamos em Doutor Sono e que precisa dar conta das decorrências das experiências traumatizantes de sua infância.
>Este é apenas um bom exemplo de como a psicologia está presente nas telonas e de que sua inter-relação com a sétima arte traz à luz inúmeras possibilidades de reflexão. As áreas se complementam e oferecem subsídio uma a outra na percepção do comportamento humano. Filmes densos, aliás, nos levam a um envolvimento com a complexidade dos personagens e seus traumas. Aprendemos com as histórias, ponderamos sobre como acontece sua criação e interpretação e somos impactados por elas.
No livro "A Psicologia Vai ao Cinema", de Skip Dine Young, o autor aborda desde interpretações psicológicas, passando pela psicologia de cineastas, atores, diretores e frequentadores de cinema, até às emoções provocadas pelos filmes, assim como seus efeitos e funções.
"Os filmes captam os comportamentos das pessoas que tanto nos ameaçam quanto nos fascinam. Ao mesmo tempo, essas representações evocam a possibilidade de comportamentos dentro de nós que tememos e/ou desejamos" (Young, 2014, p. 73).
A escrita é fluida e acessível para os leigos, mas também é muito atraente para os interessados e profissionais do mundo do cinema e da psicologia.