Periodicamente, o Banco Central faz um monitoramento das taxas de juros oferecidas no mercado financeiro nacional. Os últimos resultados indicam que a tendência de elevação se mantém nos valores cobrados pelos bancos. Confira.
O panorama não é favorável tanto para as famílias quanto para as empresas que estão na procura por um dinheiro extra mediante a solicitação de créditos. Qualquer pessoa que for simular um empréstimo em algum dos sites disponibilizados pelos bancos ou fintechs consegue perceber o quanto as taxas aumentaram em um ano -ou até mesmo em poucas semanas-.
Segundo o relatório de Estatísticas Monetárias e de Crédito publicado no site do Banco Central, a média no valor das taxas de juros aplicáveis nos créditos livres foi de 39% em junho, último mês monitorado. Isto significa um incremento de 1% com relação ao mês anterior, e de mais de 10 pontos percentuais se comparado com junho do ano passado, período no qual a taxa média de juros era de 28,4%.
Para entender melhor, é bom lembrar que o conceito de crédito livre compreende a todos aqueles financiamentos nos quais as principais condições contratuais, como preço, quantidade, parcelas, etc, são estabelecidas livremente pelas partes (sem condicionamentos do setor público).
Outro aspecto importante a se levar em conta é que essa taxa média de juros também muda dependendo do solicitante. No caso das pessoas físicas, por exemplo, as condições de contratação ficaram ainda piores. Para um brasileiro interessado em contratar algum tipo de crédito livre, a taxa média de juros subiu de 50,4% em maio, para 51,5% ao ano em junho. Já para as pessoas jurídicas o incremento fez com que a média passasse de 21,9% para 22,6%.
O motivo: as medidas do Copom
Para entender o motivo da alta considerável nos juros cobrados pelos bancos, é importante conhecer o comportamento de uma das ferramentas mais utilizadas pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central: a Taxa Selic. Também chamada de taxa básica de juros, esse é o valor que o Banco Central cobra aos diversos bancos e entidades financeiras para o financiamento delas.
Desse jeito, os bancos utilizam a Selic como referência para estabelecer os juros que eles irão aplicar aos créditos oferecidos para os seus clientes. Assim, quando o BC procura estimular a economia e o consumo, a taxa Selic diminui, ficando mais baratos os empréstimos para que as pessoas tenham maior acessibilidade ao dinheiro e possam realizar mais operações comerciais.
Pelo contrário, se a intenção for pôr um freio ou diminuir a inflação, como acontece neste momento, a decisão é de incrementar os valores da Selic. Assim, os juros ficam mais caros, há menos dinheiro circulando pelas ruas, o que atua como um freio ao aumento geral de preços.
A boa notícia é que o setor financeiro está melhorando as suas estimativas sobre o cenário econômico para o resto de 2022 e 2023, com altas no PIB e queda na inflação. Portanto, não é de se esperar novos incrementos na Selic.