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”A responsabilidade inegável do artista é a de observar o mundo ao seu redor e transformá-lo”, diz Tuyo em entrevista ao Stereo Pop

Trio, que já foi indicado ao Grammy Latino e ao Prêmio Multishow de Música Brasileira, sobe ao Cool Stage Lado A, do Festival Coolritiba, às 11h50

Felipe Almeida
9 Min Read

Capa – Trio Tuyo – Cred Vitor Augusto 

Apostando na sonoridade afrofuturista, o trio curitibano TUYO, que já foi indicado ao Grammy Latino e ao Prêmio Multishow de Música Brasileira, se prepara para um show imperdível na nova edição do Festival Coolritiba.

O evento, que está em sua quinta realização, ocorre neste sábado (20), a partir das 11h, na Pedreira Paulo Leminski, com nomes consagrados da música nacional no line-up, como Marisa Monte, Gilberto Gil, Liniker, Sandy, Mano Brown, Alceu Valença, Fresno, assim como artistas em ascensão, como Agata Nunes, Matuê, Lagum, Tuyo, L7nnon, entre outros. No total, são 22 shows, 14 horas de música e uma grande celebração da diversidade cultural, com moda, arte e sustentabilidade. 

Os últimos ingressos estão à venda pelo site oficial (https://festivalcoolritiba.byinti.com/) ou na bilheteria oficial, no piso L4 do Shopping Mueller Curitiba, sem o acréscimo de taxas.

Às 11h50, o trio TUYO, formado por Lio, Lay Soares e Machado, se apresenta no Cool Stage Lado A, um dos palcos principais do evento, que se concretizou como um dos festivais musicais mais aguardados pelos curitibanos.

Conversamos com o grupo, que vem se tornando um nome de destaque nesta geração da música brasileira, sobre o retorno ao Coolritiba, suas colaborações, suas futuras composições, o papel do artista na sociedade e as indicações a alguns dos principais prêmios musicais. Confira:

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Em 2018, tivemos a oportunidade de entrevistar vocês na segunda edição do Festival Coolritiba. Na época, vocês se apresentaram no Palco Arnica e, agora em 2023, vocês são destaque em um dos palcos principais. Como vocês analisam a trajetória de vocês no festival, que chega agora a sua quinta edição?

Antes de tudo, é muito saboroso pra nós poder conversar com vocês novamente! Agradecemos demais a oportunidade do papo! Nossa relação com o festival é bastante interessante e muito marcada pela insistência e pelo reforço de que Curitiba é repleta de artistas ricos, vivos, interessantes, de vanguarda em muitos movimentos, inclusive, na música produzida por corpos repelidos pela cidade. Pra nós, muito além de uma vitória individual enquanto banda, Curitiba conseguir celebrar um projeto nascido na cidade, forjado na cidade e alicerçado antes de qualquer público, pelo público da cidade, é uma demonstração de respeito e acolhimento que a gente sempre esperou, não só para conosco, mas na esperança de que esse movimento se alastre e os fomentadores de música e cultura na cidade sejam encorajados a olhar com atenção para o que acontece aí. Momento de grande celebração pra todo mundo!

Recentemente, vocês lançaram o single “Zero Coragem”, que conta com a participação do cantor Vitão. Além disso, vocês já fizeram parcerias com grandes nomes, como Baco Exu do Blues, Lucas Silveira, Billy Saga, Lenine, Terno Rei, entre outros. Vocês têm alguma outra parceria em mente para os próximos trabalhos? Algum(a) artista que vocês sonham em realizar uma colaboração?

Somos grandes entusiastas do movimento de colaboração porque trocar com outras pessoas enriquece e amplia a nossa visão demais! Ter colaborado com esses artistas é motivo de orgulho pra gente! Pros próximos trabalhos, além de insistir em colaborações antigas com artistas da cidade – Xan, Castel, Siamese, etc – também temos conversado com artistas incríveis que conhecemos nessa nossa vida paulistana! Impossível mencionar um ou dois nomes num momento de tanta profusão na música brasileira, mas logo menos quem nos acompanha vai poder viver coisas inéditas entre nós e artistas como Joca, Troá, Bebé, Luisa e os Alquimistas, enfim! Vem muito aí!

Vocês fazem questão de utilizar o local de destaque da Tuyo para se posicionar em assuntos relacionados à política. Para vocês, qual a importância do posicionamento de um(a) artista enquanto polinizador de um consciente coletivo político?

A responsabilidade inegável do artista é essa de observar o mundo ao redor e transformá-lo. Foi a música que providenciou pra nós um lugar que deveria ser de todos, então é indispensável pensar nela enquanto ferramenta de transformação. Muito do pensamento de retrocesso foi, inclusive, providenciado pela repetição de inverdades e equívocos através da música no passado. A maneira com que se observa corpos femininos, a maneira com que lidamos com o outro, muito dessa percepção foi reforçada pelo pensamento velho de velhos autores, de velhos artistas. Me lembro quando criança de ouvir e repetir canções sem perceber o quanto elas eram violentas e embrutecidas. Muitas dessas músicas caíram em ostracismo e as que atravessaram o tempo acabam dialogando mais com a realidade que buscamos pra nós hoje. Velhos pensamentos precisam ficar no passado, né. Acreditamos com força que é a arte que alicerça os valores do comportamento humano e pra gente é uma delícia distorcer e reorganizar o mundo com a nossa voz, com a nossa canção.

Vocês já foram indicados ao Grammy Latino e ao Prêmio Multishow, além de terem sido eleitos como destaque no Festival SXSW pelo The New York Times. Como vocês enxergam essas indicações? Lá no começo da carreira, vocês imaginaram que teriam um álbum indicado a um dos maiores prêmios da música?

Nem nos nossos sonhos mais ousados imaginamos que tão cedo na nossa carreira tudo isso poderia acontecer. Nossa vontade principal, quando começamos, era poder expressar o que sentimos, como sentimos. Essas honrarias e comemorações do nosso trabalho acho que são consequência dessa nossa vontade e não é exagero quando a gente diz que o maior motivo de orgulho pra nós é continuar relevantes pro nosso público. A crítica nos celebra e somos muito gratos porque é lindíssimo entender que fazemos parte do que vai ser contado sobre música brasileira pra gerações futuras, mas isso de continuar relevantes pra turma que nos acompanha é maior do que tudo! Nos trabalhos a meta é não abrir mão da hiper sinceridade, da vontade de abrir o coração, seja pra chorar ou seja pra debochar legal. O que vier além disso é lucro.

No fim de 2021, vocês lançaram o EP “Depois da Festa”, que reforça a sonoridade afrofuturista de vocês e os posiciona como compositores maduros. Como está o processo de composição para as canções inéditas? O que o público pode esperar? Alguma previsão de lançamento?

Estamos neste momento escrevendo o que deve ser nosso terceiro álbum da carreira, meus amigos! Escrevo sobre isso, talvez, pela primeira vez! Além dele, muitos gracejos em coletâneas e parcerias em discos de amigos aguardam pra ganharem o mundo. Tem sido pra nós uma das fases mais produtivas e inspiradoras, o que coloca 2023 como um ano de felicidade pra quem tá ansioso pelas inéditas! É uma felicidade muito grande preparar inéditas, principalmente pela confiança no carinho de quem nos acompanha, que acolhe e reverbera tudo que a gente tem dividido nesses anos de carreira e muito trabalho. Não tinha como estar mais feliz.

Fique por dentro da programação completo do Coolritiba e não perca o show do seu artista favorito.

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Posted by Felipe Almeida
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O Stereo Pop é um blog, criado pelo comunicador Felipe Almeida, que reúne tudo sobre filmes, séries, música, um pouco de games e o universo pop em geral, com uma linguagem despojada e informativa.