Em uma reviravolta jurídica que marca um dos casos mais notórios do Paraná, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do estado absolveu quatro pessoas previamente condenadas pelo falecimento do menino Evandro Ramos Caetano. A decisão foi tomada após uma acirrada votação nesta quinta-feira, com a maioria dos desembargadores apoiando a inocência dos acusados.
Os juízes fundamentaram sua decisão em gravações de áudio que vieram à tona, revelando que os acusados haviam sido submetidos a tortura para confessarem o crime. A descoberta dessas fitas foi obra de Ivan Mizanzuk, criador do podcast Projeto Humanos, que se aprofundou nas complexidades do chamado Caso Evandro. Apesar da controvérsia quanto à necessidade de perícia nos áudios, levantada pelos desembargadores que se opuseram à decisão, a inocência foi finalmente declarada.
Os acusados, que passaram anos lutando para limpar seus nomes, agora têm a possibilidade de buscar reparações legais pelos anos de acusação e condenação injustas.
O caso remonta a 1992, quando Evandro desapareceu e foi posteriormente encontrado morto em circunstâncias macabras. O crime chocou o país e levou à acusação de sete pessoas, incluindo figuras notáveis da localidade, sob alegações de que o ato fazia parte de um ritual. Após um julgamento histórico em 1998, que perdurou por 34 dias, Celina Abagge, então primeira-dama da cidade e sua filha Beatriz foram inicialmente absolvidas, mas a saga jurídica continuou com recursos e condenações subsequentes.
Essa decisão atual não apenas encerra um capítulo para os envolvidos, mas também destaca as falhas judiciais e a luta contínua pela justiça e reparação em casos de erro judiciário.