O deputado federal Tião Medeiros (Progressistas-PR), representante da bancada ruralista, surpreendeu a classe política e científica ao propor um projeto de lei que visa proibir não apenas a produção, mas também a pesquisa privada, importação, exportação, transporte e comercialização de carne produzida em laboratório. Esta inovação, que tem sido objeto de estudos intensivos nos últimos anos, é concebida a partir de células animais, contudo, não envolve o abate dos mesmos.
Medeiros defende que a iniciativa se faz necessária para resguardar a indústria pecuária do país. Em sua justificativa, ele menciona que o avanço na produção de carne sintética representa uma ameaça multifacetada para o Brasil.
Um dos argumentos levantados pelo deputado para corroborar sua proposta é o valor cultural da carne para a identidade brasileira. Segundo Medeiros, os churrascos no Brasil vão além de simples refeições e a carne de laboratório poderia “diluir essa rica tapeçaria cultural de norte a sul”.
Outra preocupação expressa por Medeiros é a respeito da economia do setor. Ele argumenta que o surgimento e fortalecimento do mercado de carnes de laboratório poderiam desestabilizar a indústria pecuária tradicional. A justificativa é que tais produtos sintéticos, por não estarem sujeitos aos mesmos desafios e custos dos pecuaristas tradicionais, poderiam ser oferecidos a preços mais competitivos, configurando uma “concorrência desleal”.
Vale destacar que o deputado Tião Medeiros tem forte ligação com o setor agrícola, sendo Presidente da Comissão de Agricultura na Câmara e membro da Frente Parlamentar da Agricultura, também conhecida como bancada ruralista. A proposta promete gerar amplos debates no cenário político e no setor científico, onde muitos veem na carne de laboratório uma solução sustentável para o futuro alimentar.