Cred Capa – Tiago Muchacki
Uma típica família sulista de classe alta organiza uma festa com seus entes mais íntimos para celebrar os 100 anos de seu patriarca. Quando a antiga empregada comparece ao evento, o passado criminoso de exploração do aniversariante vem à tona e traumas esquecidos ressurgem para desestabilizar as delicadas relações familiares. Essa é a premissa inicial de “Humanismo Selvagem”, novo espetáculo da companhia curitibana de teatro Bife Seco.
A tragicomédia, que estreia no dia 21 de setembro, na CAIXA Cultural Curitiba (R. Conselheiro Laurindo, 280), tem texto vencedor no Prêmio Outras Palavras 2020 e reúne grandes nomes da dramaturgia paranaense no elenco, como Giovana Soar e Ranieri Gonzalez, contando também com Flávia Imirene, Sávio Malheiros, Jeff Bastos, Eliane Campelli, Amanda Leal e Val Salles. O texto e a direção são de Dimis.
Os ingressos estão à venda na bilheteria física do Caixa Cultural Curitiba com valores entre R$15 (meia-entrada) e R$30. As sessões ocorrem às 19h, de quinta-feira a domingo, até 8 de outubro.
O passado escravista
Com primeira versão datada em 2013, “Humanismo Selvagem” sempre teve como centro as rachaduras de uma família rica sulista que construiu sua riqueza sobre um passado escravista. “Ao longo desses 10 anos, o texto passou por várias versões, porque a discussão sobre esse tema sempre evolui. Mas eu acho que agora ele chegou na sua melhor versão e está pronto para estrear. É um terror psicológico estilo A24 que escala para níveis cada vez mais absurdos, mas também é uma comédia caótica sobre uma família disfuncional. Eu acho que o público vai se identificar muito, mas nem sempre isso vai ser agradável”, comenta o criador e diretor do espetáculo, Dimis.
O planejamento para levar o espetáculo da forma certa aos palcos vem da dupla de produtores Jac Alber e Sávio Malheiros, que entendem a delicadeza e a oportunidade que o tema exige de ampliar o debate sobre o reflexo do racismo estrutural e do legado escravocrata na sociedade brasileira contemporânea, de uma maneira aliada e agregadora. “O tema não é fácil de digerir, mas o formato em tragicomédia e as grandes atuações nos possibilita acessar os mais diversos públicos e prender as pessoas do início ao fim. Mesmo assim, é uma jornada de reações diversas, com identificações positivas e negativas que se alternam o tempo todo. Então temos noção de que nem todo mundo vai gostar” aposta o ator e também produtor no projeto, Sávio Malheiros, que já faz planos de levar o espetáculo para São Paulo e Rio de Janeiro, após a temporada curitibana.
Cultura pop, mundo da moda e house music
O cenógrafo e figurinista, Leo Gegembauer, assina uma proposta estética maximalista para “Humanismo Selvagem”, mescladondo referências da cultura pop, com ícones do mundo fashion e nomes renomados do design nacional, como os irmãos Campana e o arquiteto Sig Bergamin.
“Preparamos tudo para transportar o público para dentro da casa cheia de luxo e ostentação da família vista isso”, diz Gegembauer, que veio diretamente de Londres para o espetáculo.
A trilha-sonora da montagem resgata a trajetória de negritude da house music e foi composta especialmente pelo produtor musical Duda Rezende, responsável por labels como Funkzomba e BRZLN AIR, que chamaram a atenção de gravadoras em Chicago e Nova York.
Influência do cinema
Assim como em todos os trabalhos da Bife Seco, o cinema foi uma grande inspiração para a mais recente montagem, tendo papel fundamental na criação da histórias dos Aguzzini e trazendo referências nos clássicos modernos de terror da produtora A24, como “Hereditário” e “Midsommar”, de Ari Aster, assim como em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
“A ideia de famílias disfuncionais que precisam encarar fantasmas de um passado traumático está ali, mas contrapondo a uma temática que o público brasileiro vai logo se conectar, o do legado criminoso de exploração e racismo no qual muitas fortunas foram forjadas”, completa Dimis.
“Humanismo Selvagem” se junta ao amplo acervo da Bife Seco, que conta com 13 anos de história com musicais de grande porte, podcast ouvidos em mais de 30 países e passagens por diversos palcos e festivais brasileiros e um público de mais de 500 mil espectadores. A recente produção vem com a responsabilidade de continuar o sucesso do seu antecessor, “O Fantasma de Friedrich – Uma Ópera Punk”, que teve sua temporada de estreia esgotada no Centro Cultural Teatro Guaíra.
“Humanismo Selvagem” fica em cartaz de 21 de setembro a 8 de outubro na CAIXA Cultural Curitiba, com apresentações de quinta-feira a domingo, às 19h. A classificação é 16 anos.
FICHA TÉCNICA HUMANISMO SELVAGEM:
Direção Geral & Dramaturgia: Dimis / Elenco: Giovana Soar, Flávia Imirene, Ranieri Gonzalez, Sávio Malheiros, Jeff Bastos, Eliane Campelli, Amanda Leal, Val Salles / Direção de Movimento & Ensaiador: Val Salles/ Trilha Sonora Original: Duda Rezende / Cenografia: Leo Gegembauer / Desenho & Programação de Luz: Wagner Corrêa / Operação de Luz: Emanuel Bill / Figurino: Leo Gegembauer / Costura: Sandra Canônico, Sindy Crespim / Identidade Visual: Amorim / Fotos: Tiago Muchaki / Redes Sociais: Emanuel Bill. Mariana S. Pinheiro / Assistência de Produção: Mariana S. Pinheiro, Vini Heimann / Produção Executiva: Jac Alber Direção de Produção: Sávio Malheiros/ Realização: Bife Seco