Um grupo de 15 motoristas, dos quais duas mulheres, passou por treinamento para dirigir o ônibus articulado 100% elétrico da chinesa BYD, que entra em período de testes na próxima sexta-feira (28/4) em Curitiba. O modelo vai circular sem passageiros pelas rotas das linhas Interbairros II, Inter 2 e no Eixo Leste/Oeste.
A avaliação marca o início da série de testes técnicos com veículos elétricos que vão servir de base para o plano de eletromobilidade do município. O teste terá duração de 30 dias, podendo ser prorrogado por um período de até 30 dias, segundo o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto.
Nos últimos dois dias, o grupo motoristas passou por treinamento teórico e prático para poder dirigir o veículo elétrico. O ônibus vai rodar no período da manhã, tarde e noite, segundo Edmilson Romualdo da Silva, supervisor de grupo de apoio da empresa Glória, onde o ônibus vai ser recarregado. “É uma nova tecnologia e é essencial que os motoristas sejam bem treinados para poder conduzir o veículo”, disse.
Monica Regina de Moraes, de 48 anos, trabalha há dez como motorista e passou pelo treinamento.
“É um grande avanço tecnológico que dará mais conforto para os motoristas e os passageiros, além de não poluir o meio ambiente”, disse Monica.
Michelle Dellanhol, de 34 anos, é motorista há nove anos e concorda com a colega.
“É uma tecnologia maravilhosa. O ônibus é muito silencioso e confortável, com câmeras no lugar de espelhos retrovisores que dão uma visão muito boa para o motorista”, contou Michelle.
Motorista do Interbairros II, Darci Rezende, de 59 anos, tem 25 anos de experiência e teve uma boa impressão do modelo. “Vamos ver no dia a dia, mas até agora a experiência foi muito boa, com bom desenvolvimento no trajeto da linha”.
“Só precisamos ficar atentos porque o articulado da BYD é bem grande, com 22 metros, contra 18,6 metros do articulado tradicional, o que exige um cuidado maior nas manobras”, completa Claudemir Barbosa, de 43 anos, que trabalha no Inter 2.
Sem passageiros
O ônibus BYD vai circular sem passageiros porque o posicionamento das suas portas de embarque é do lado esquerdo e não direito, como pede a operação no transporte coletivo.
Para simular o peso equivalente ao de passageiros, o veículo vai ser carregado com bombonas de água. O modelo D11B é um ônibus articulado, de piso baixo, tem carroceria Marcopolo, capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 quilômetros e carregamento de bateria em quatro horas.
O ônibus é equipado com sistema de desinfecção do ar instalado no ar condicionado, entrada USB nos bancos e um conjunto composto por seis câmeras de alta definição, duas delas com infravermelho, que substituem os espelhos retrovisores. Além disso, monitores cobrem um campo de visão que eliminam eventuais “pontos cegos” nas laterais do veículo, facilitando as manobras dos motoristas e aumentando a segurança no trânsito.
A ideia, segundo Celso Lucio, gestor da área de especificação e inspeção de frota da Urbs, é avaliar a performance do ônibus em diferentes características e condições viárias, com a variação de carga a partir do carregamento das bombonas com mais ou menos água por determinados períodos.
Na circulação do carro serão avaliados itens como o consumo de energia, cumprimento da autonomia preconizada, níveis de ruídos e o desempenho do ônibus em variadas topografias (aclives, declives e plano).
Testes
Além da BYD, as empresas Eletra, Volvo, Mercedes, Higer e Marcopolo se cadastraram no edital de chamamento público e farão testes dos seus veículos elétricos até outubro.
Os resultados dos testes servirão de base para a elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal de ônibus, em 2024. Os primeiros elétricos vão trafegar nas linhas Inter II, Interbairros 2 e Eixo Leste Oeste, que transportam cerca de 370 mil pessoas por dia.
Os ônibus elétricos 100% elétricos são grandes aliados na redução de poluentes locais e de gases que causam efeito estufa, além de baixa emissão de ruídos. Deixam de emitir 125 mil kg de CO2 ao ano, equivalente ao plantio de 892 árvores.
Sem emissão de CO2, o ônibus elétrico é considerado o futuro da mobilidade nas grandes cidades e é uma das principais agendas de Curitiba para os próximos anos, dentro do compromisso de reduzir a emissão de poluentes.
No médio prazo, até 2030, 33% da frota do município deverá operar com emissão zero, alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima), alinhado às ações globais de sustentabilidade.