Sergio Moro (União Brasil), que decidiu se candidatar ao Senado Federal pelo Paraná e enfrentar nas urnas o senador e candidato à reeleição, Alvaro Dias (Podemos), teria se baseado em pesquisa para oficializar sua intenção que norteará seu destino na vida política.
No mesmo dia em que faz o esperado anúncio, uma pesquisa nacional, a pesquisa anual do Instituto da Democracia (IDDC/INCT), que este ano foi às ruas em junho, incluiu aos entrevistados uma questão sobre qual a avaliação de Moro, feita em uma escala de 1 (“não gosta de jeito nenhum”) a 10 (“gosta muito”). Os que responderam 1 foram 41%, enquanto os que escolheram 10 chegam a 4%. A pesquisa foi publicada nesta terça-feira, 12 pelo jornal O Globo.
Nacionalmente, Moro já tinha viabilidade eleitoral questionada por sofrer com altas rejeições, especialmente em Sudeste e Nordeste — regiões nas quais tem aproximadamente 60% de reprovação quando somadas as faixas 1, 2 e 3 da pesquisa. Porém, mesmo no Sul, ele acumula rejeição alta: 49%, segundo a pesquisa. Se for considerado apenas o número 1 da escala, segundo o qual o entrevistado diz não gostar de Moro "de jeito nenhum", o número no Sul é de 32%. Enquanto isso, consegue apenas 13% de apoio mais enfático na região, se somadas as faixas 8, 9 e 10 (só 6% responderam “gosto muito”). No Norte, os que escolheram o número 1 na escala (não gosta de jeito nenhum) somam 40%.
Moro, no entanto, não seguiu conselhos divulgados também por cientistas políticos e com base em pesquisas de que sua estreia na política deveria começar pela Câmara Federal, como avaliou a cientista política, Luciana Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que integra o Observatório das Eleições em parceria com o Instituto da Democracia (INCT/IDDC), órgão que conduz a pesquisa anual: a viabilidade eleitoral de Moro diante da realidade de alta rejeição dependerá de suas escolhas políticas. Principalmente porque, em uma candidatura a deputado federal, suas chances se tornariam muito maiores do que em uma eleição majoritária (por exemplo, para senador ou governador).
Segundo ela, “a alta rejeição a Moro acaba sendo natural pelas circunstâncias dentro de uma competição política. Isto já ocorria enquanto ministro e inclusive enquanto juiz, mas ele acumulou uma rejeição que não só não reduziu, como ainda agregou a reprovação também dos próprios bolsonaristas. Tudo ficou muito mais intenso quando Moro efetivamente descola de um discurso que ele mesmo criou de que não disputaria eleições, criando as próprias incoerências e acabando por impactar na própria ambição política de concorrer neste ano”.
A pesquisa “A cara da democracia” foi feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC), com 2.538 entrevistas presenciais em 201 cidades. A margem de erro total é de 1,9 ponto percentual a nível nacional, e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa reúne as universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj, com financiamento de CNPq e Fapemig, e está registrada no TSE (BR-08051/2022).