A pandemia da Covid-19 obrigou o cancelamento de viagens devido ao receio do contágio e em função das restrições sanitárias e de mobilidade implementadas por diversos países e destinos turísticos. Os impactos foram sentidos nas chegadas internacionais de turistas, com redução de 72% em 2020 em relação a 2019. Nas Américas, a queda nos 10 primeiros meses de 2020 atingiu 68%. Quanto a receita cambial turística, houve redução de 64% dos gastos realizados pelos turistas, em âmbito global, de acordo com a Organização Mundial do Turismo.
“O turismo é importante para a geração de trabalho e renda, pois os gastos dos visitantes são convertidos em receita de negócios, retorno de capital e impostos”, explica Isabel Grimm, Coordenadora do Programa de Mestrado em Governança e Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios. No Brasil, de acordo com a FGV (2020), o turismo corresponde a cerca de 3,7% do PIB e responde por 3% do total de empregos.
“O Brasil deixou de receber 4 milhões de turistas em 2020, que resultou em uma queda na arrecadação federal na ordem de 28,5% referente ao setor de turismo”, aponta. Entre as principais Atividades Características do Turismo (ACT), as mais impactadas pela pandemia foram: Alojamento (40,3%), Transporte Aéreo (47,1%) e Agências de Viagens (36%). Já em 2021, o faturamento das empresas alcançou R$ 7,1 bilhões – uma alta de mais de 77% em relação ao ano anterior, mas ainda 44% abaixo de 2019, segundo o Ministério do Turismo.
De acordo com a especialista, à medida que a vacinação contra o coronavírus avança, a demanda, reprimida em virtude do longo período de isolamento social, aumenta a busca por destinos de natureza, lugares mais afastados das rotas tradicionais e que sejam seguros e higiênicos. “Há uma tendência em priorizar as viagens dentro do país ou territórios vizinhos. Está em alta um turismo mais responsável, com viagens flexíveis e que proporcionam experiências diferenciadas”, diz.
Promoções e descontos também se destacam como diferenciais. “A crise financeira tem afetado o poder de compra do consumidor brasileiro, então promoções são sempre bem-vindas”, comenta. Por fim, Isabel Grimm aponta à predileção por viagens que possam combinar trabalho e lazer, visto que o trabalho remoto é uma realidade acelerada pela pandemia que veio para ficar. “Com a reabertura de fronteiras globalmente, o turismo se prepara para a reativação das viagens internacionais, mas no cenário atual a expectativa é de que o turismo internacional retorne aos patamares de 2019 apenas em 2024”, completa.