O aumento de focos de Aedes aegypti em Curitiba fez a Prefeitura adotar uma nova estratégia para evitar a entrada da doença na cidade. Agentes de combate a endemias da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) estão usando drones para inspecionar terrenos de difícil acesso e empresas de grande extensão.
O drone é usando para vistoriar áreas de difícil acesso, como terrenos baldios cercados por muros, edificações altas e empresas com grande extensão.
Quando o agente identifica uma área de difícil acesso ele pode agendar a inspeção com o uso dessa tecnologia. O drone faz a captura das imagens e em caso de identificação de situação risco – criadouros do mosquito – o proprietário é notificado para regularizar a situação.
O agente de combate às endemias Orlando Pereira opera o equipamento e conta os benefícios trazidos pelo uso da nova tecnologia.
"O drone nos ajuda a inspecionar terrenos que antes não conseguíamos acessar e também em situações como a fiscalização de caixas d’águas, sem que a gente precise usar escadas. Veio para facilitar, agilizar e trazer mais qualidade à rotina de trabalho” contou Pereira.
A nova ferramenta reforça as ações da Prefeitura no combate ao mosquito transmissor de doenças graves como dengue, zyka e chikungunya.
Além dos mutirões, agentes de endemias fazem inspeções de rotina ou em locais denunciados, ações educativas e de bloqueio, e monitoramentos de pontos estratégicos ou com larvitrampas e ovitrampas.
Números de Curitiba
Até o fim de abril, os agentes de endemias da SMS encontraram na cidade 582 focos do mosquito na cidade, mais que o dobro com relação ao ano passado, quando foram encontrados 282 focos no mesmo período.
O último balanço atualizado pela vigilância epidemiológica aponta 29 casos da doença confirmados em moradores de Curitiba nesse ano, todos importados – a pessoa mora em Curitiba, mas contraiu a doença em viagem para outra cidade.
O aumento de população de Aedes gera preocupação para as autoridades de saúde, pois cresce o risco de ter a circulação da doença na cidade e a ocorrência de casos autóctones.
“Se o mosquito entra em contato com uma pessoa doente ele vai ficar contaminado e poderá transmitir a doença para outras pessoas. Temos que trabalhar em conjunto com a população para evitar que isso aconteça”, explicou a coordenadora.
Outro motivo de alerta é o curto período de reprodução do mosquito. Segundo a coordenadora, no intervalo de uma semana o ovo eclode e o mosquito já passa circular.
“Por mais que a Prefeitura promova ações de limpeza e fiscalização, se não houver colaboração da sociedade em cuidar dos seus espaços o resultado não será tão efetivo. Não conseguimos estar em todos os imóveis da cidade 100% do tempo”, orienta.
Concentração dos focos
Segundo Tatiana, 65% dos focos positivos para o Aedes aegypti identificados em Curitiba, foram encontrados em áreas residenciais, o que comprova a necessidade de que a população mantenho o cuidado.
Desde 2017, com o fortalecimento das ações de controle do vetor, a capital paranaense vinha conseguido manter baixos índices de infestação, mas os dados desse ano demonstram crescimento, que pode estar relacionado ao ciclo de circulação do mosquito e também à mudança de perfil da população.
“Em 2015 e 2016, a cidade viveu um grande aumento de casos, inclusive com o registro de autóctones. Com todas as ações adotadas, conseguimos controlar a doença. Depois, com a escassez hídrica vivida pelo Estado, muitas pessoas adotaram o hábito de reutilizar água, mas sem os cuidados corretos. Esses estoques são hoje os principais criadouros identificados em Curitiba”, falou Tatiana.
A orientação é que esses reservatórios fiquem sempre bem vedados. Nos casos em que não é possível, a orientação da Saúde é adicionar cloro ou água sanitária para tratar a água. A dosagem vai depender do volume de água estocada.