Inclusão e emoção marcaram a contratação da primeira funcionária com Síndrome de Down da Assembleia Legislativa do Paraná. Aos 42 anos, Karina Gouvea reforçou o seu longo currículo e partir desta segunda-feira (21) vai atuar como secretária de gabinete.
O presidente Ademar Traiano (PSDB) e o primeiro secretário Luiz Claudio Romanelli (PSB) deram as boas-vindas à nova comissionada, contratada pelo deputado Pedro Paulo Bazana (PV).
“Hoje é um dia muito especial para o Poder Legislativo do estado do Paraná. Fato inédito. Uma homenagem a todos que têm a Síndrome de Down. Estamos oportunizando para que ela possa representá-los no Legislativo. Uma justa homenagem a essas pessoas que mais do que nunca precisam ter o olhar diferenciado de todas as autoridades”, afirmou Traiano.
Romanelli parabenizou o Deputado Bazana pela iniciativa, logo no Dia Nacional, Internacional e Estadual da Síndrome de Down. “Mostra que é possível sim, com estímulo e trabalho, que as pessoas sejam incluídas e que todos tenham direito a um lugar ao sol”, disse.
Com cerca de 20 anos como voluntário na causa das pessoas com deficiência, o deputado Bazana defende que o maior trabalho é pela verdadeira inclusão social. “Uma inclusão com responsabilidade. Após este tempo todo envolvido com APAES e outras instituições, não seria diferente como deputado, defendendo a inserção no ensino comum, preparando as pessoas para levar uma vida normal e ingressar no mercado de trabalho”, explicou, emocionado.
Presentão
Emocionados também estavam a nova funcionária da Assembleia e seus pais. “Eu já trabalhei em várias empresas. E estou muito feliz por todos me aceitarem aqui com essa alegria”, disse Karina, que trabalha desde os 16 anos.
Psicóloga, Gislene Gouvea é especializada em atuar com portadores de síndromes como Down e autismo, o que contribuiu com o desenvolvimento da filha.
“Estamos colhendo o resultado de todo estímulo e incentivo que demos. Ela sempre trabalhou, mas precisou parar nos últimos dois anos por causa da pandemia. E agora, quando íamos começar a distribuir currículos, veio esse presentão de aniversário”, comemorou a mãe. Karina completa 43 anos dia 23 de março.
“Quando ela nasceu, havia pouca informação sobre a síndrome, mas ela teve uma boa formação. Tem um currículo melhor que o meu”, brincou o pai Helio Gouvea.
Mais contratações
Mesmo ainda em trâmite, o projeto de lei 32/2022 já está dando resultados. Assinada pelos deputados Ademar Traiano, Luiz Claudio Romanelli, Bazana e Gilson de Souza (PSC), a proposta cria na Assembleia Legislativa um programa para preencher 2% dos seus cargos com pessoas com deficiência.
Nesta segunda, além de Karina Gouvea, a Casa de Leis anunciou mais duas contratações de pessoas com Síndrome de Down. Carlos Eduardo Cavalheiro, de 33 anos, vai trabalhar no gabinete da presidência e Mayara Dias Carvalho, de 34 anos, será contratada em abril pelo gabinete do deputado Michelle Caputo.
“Fizemos uma sessão especial no Grande Expediente prestigiando essas figuras tão queridas. Todos os Poderes, instituições e empresariado como um todo deveriam ter essa atenção com para que as pessoas possam ser incluídas na sociedade. A Assembleia está dando um exemplo”, reforçou Traiano.
“Inclusão e empregabilidade são as questões que enfrentamos não só para as pessoas com Síndrome de Down, mas com doenças raras e demais deficiências. Elas têm sonhos, produzem e têm condições de colaborar. E infelizmente o poder público é o que menos absorve esse público”, afirmou Michele Caputo.
No ano passado ele apresentou um substitutivo à lei 17.799/2013, incluindo a Semana de Ações no Campo da Síndrome de Down com diretrizes para atividades de conscientização no período. A Assembleia ficará, durante essa semana, iluminada com as cores azul e amarelo.
O objetivo foi tornar ainda mais completa a importante lei que dá visibilidade às pessoas com essa síndrome genética no estado. No Brasil são mais de 300 mil pessoas com Síndrome de Down.
A presidente da Federação Paranaense das Associações de Síndrome de Down, Noêmia Cavalheiro, falou sobre a importância de trazer luz sobre o tema. “Muitas pessoas são invisíveis perante a sociedade e reivindicam sua participação social e inclusão plena”, disse.