Em virtude do recente aumento do número casos de Covid-19 e nota de alerta (nº 3/2021) publicada pela Rede Monitoramento Covid Esgotos, a equipe técnica do projeto vinculada à Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio desta nota, esclarece que, embora o vírus Sars-CoV-2 (causador da Covid-19) possa ser detectado no esgoto, ele não está na forma ativa e infecciosa.
De acordo com a pesquisa recentemente publicada por Sobsey, que realizou uma ampla revisão de diversos estudos científicos, não há evidência documentada que o vírus Sars-CoV-2 tenha capacidade de infecção e replicação quando presente em resíduos fecais, esgoto sanitário e na água. Além disso, o autor destaca que nunca foi relatada a infecção por Covid-19 por esses meios de exposição.
A vigilância epidemiológica baseada nos esgotos foi destacada como uma importante prática complementar para o monitoramento da Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que também corrobora que, embora partículas do material genético do vírus Sars-CoV-2 sejam detectadas no esgoto sanitário, não há relatos de transmissão de Covid-19 devido à presença destes fragmentos de RNA. Além disso, a OMS destaca que os métodos de tratamento de água para abastecimento desativam microrganismos patogênicos eventualmente presentes na água bruta, um esclarecimento que também pode ser encontrado no site da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (U.S. Environmental Protection Agency – EPA).
Cabe ainda destacar que o sistema de esgotamento sanitário é separado do sistema de abastecimento de água, não havendo, portanto, possibilidade de contaminação da água potável pelo esgoto, pois o controle de riscos de contaminação do sistema de abastecimento pelo sistema de esgotamento segue normas técnicas desde seu projeto à sua construção e operação. Desta forma, reiteramos que as partículas virais detectadas e quantificadas pela Rede Monitoramento Covid Esgotos são apenas indicadores da infecção de pessoas pela Covid-19, com vistas à vigilância epidemiológica, e não representam risco de infecção adicional, não sendo necessário cuidados adicionais em relação a água potável (ferver água, cuidados com banho e higiene bucal), conforme divulgado em informações equivocadas por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas.
Destaca-se que o manejo do esgoto, contaminado ou não com o coronavírus, requer cuidados rotineiros uma vez que diferentes agentes patogênicos podem estar presentes em sua composição, oferecendo riscos biológicos e caracterizando, normalmente, condições de insalubridade. Por isso, os profissionais que atuam na área precisam estar devidamente capacitados para executar suas funções de acordo com as boas práticas convencionalmente adotadas para proteção individual e coletiva.
A Rede
A Rede Monitoramento Covid Esgotos foi criada com intuito de ampliar a disponibilidade de informações para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 por meio do monitoramento do Sars-CoV-2 nos esgotos das capitais brasileiras Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e do Distrito Federal.
A Rede é coordenada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações de Tratamento de Esgotos Sustentáveis (INCT ETEs Sustentáveis) e pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Em Curitiba, especificamente, o projeto é coordenado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e conta com o apoio da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR).
Informações mais detalhadas sobre os pontos de monitoramento, incluindo a justificativa para o monitoramento de cada ponto, podem ser obtidas no Boletim de Apresentação da Rede. O histórico de resultados da Rede pode ser consultado nos Boletins de Acompanhamento, disponíveis na página da ANA.
Por Rede Monitoramento Covid Esgotos