A pandemia exerceu um impacto gigantesco na indústria de mídia e entretenimento no último ano. A receita global total do setor caiu 3,8% em 2020, um total de US$ 81 bilhões, a maior retração da história segundo a Pesquisa Global da Consultoria PwC (Pricewaterhouse Coopers). Já os investimentos em mídia publicitária saíram de R$ 54,3 bilhões em 2019 para R$ 49 bilhões em 2020, uma queda de 9,8%, de acordo com dados da Kantar Ibope Mídia. Contudo, à medida que os países ao redor do mundo saem do lockdown e as taxas de vacinação aumentam, a previsão é de um crescimento anual de 6,5% em 2021 e de 6,7% em 2022.
Os maiores destaques na composição da alta do 2º trimestre de 2021 foram os serviços de informação e comunicação, que cresceram 2,5% como reflexo do reinvestimento dos clientes em marketing e mídia digital. “O crescimento da mídia digital nesse período suavizou o golpe para a indústria como um todo e, felizmente, desde junho já estamos recebendo diversos pedidos de orçamento para campanhas em formato online, principalmente vídeos no estilo Tik Tok”, conta Clara Castro, sócia do I Hate Flash, coletivo carioca de produções audiovisuais.
A publicidade continua sendo também uma intensiva geradora de empregos. Em 2019, segundo dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o setor empregava cerca de 400 mil pessoas, direta ou indiretamente. “O último ano foi um período de muitas incertezas. Não sabíamos quando seria possível chamar nossos fornecedores e colaboradores para voltar à ativa e, consequentemente, ajudá-los financeiramente. A retomada do setor é uma excelente notícia que com certeza vai dar um gás para toda a equipe”, aponta. Com o reaquecimento do mercado e o anúncio das datas de festivais, o I Hate Flash já triplicou seu faturamento na comparação com o do ano anterior.
Patrik Cornelsen, diretor da curitibana Planeta Brasil Entretenimento, uma das maiores empresas de shows e entretenimento do país, conta que, após uma paralisação quase que total do segmento, as expectativas para os próximos meses são boas. “Depois de um caos interminável, estamos vendo os resultados positivos da vacinação, que aos poucos vai melhorando o panorama da pandemia no Brasil, além de possibilitar que as produtoras possam começar a planejar os próximos meses e, principalmente, o ano de 2022. Já vemos uma movimentação nos teatros e casas de shows, além dos grandes festivais musicais do Brasil anunciando novas datas”, diz.
Com a reabertura gradual do setor, a Planeta Brasil já iniciou o desenvolvimento de uma programação intensa para os próximos meses. “Lógico que ainda precisamos de muita cautela, seguindo os passos da pandemia e as regulamentações locais, mas o momento nos permite pensar nos próximos projetos com um pouco mais de certeza. No ano de 2020, o mercado do entretenimento passaria por um dos períodos mais efervescentes e positivos de sua história, mas tudo isso foi paralisado. Vamos demorar um pouco para atingir os níveis pré-pandemia, pois muitas empresas fecharam e profissionais mudaram de ramo, mas estamos vendo uma luz no final do túnel. Para 2022, pretendemos promover os nossos grandes eventos e festivais, começando pelo CarnaVibe, considerado o maior pré-carnaval eletrônico do país, além de realizar os shows que tivemos que cancelar por causa da pandemia, entre eles o da banda jamaicana The Wailers, que será realizado no mês de janeiro”, explica o diretor da Planeta Brasil.
Para completar, Patrik Cornelsen acredita que a pandemia vai deixar várias lições para o mercado de shows e eventos. “Veremos um mercado ainda mais organizado e profissional. Questões relacionadas a higiene, por exemplo, nunca mais serão deixadas de lado. Tenho certeza de que veremos, também, um público muito mais educado, que entenderá com mais facilidade a importância de seguir as normas dos eventos, melhorando a experiência de todos. Além disso, acredito que o nosso trabalho será muito mais valorizado. Depois de 2 anos de muitas perdas, vislumbro o público dando importância ao setor, entendendo o valor de cada ação. No pré-pandemia, por exemplo, em média 20% dos ingressos eram cortesias. Por qual motivo ninguém pede cortesia para um médico? Essa prática com certeza irá diminuir muito, pois não imagino as pessoas pedindo para entrar de graça em um evento após toda as dificuldades que tivemos que superar. Enfim, acredito que teremos uma conexão ainda mais intensa entre produtoras, artistas e público”, completa o empresário.