A ideia de que sem a adoção do voto impresso as eleições do próximo ano podem ser comprometidas "esconde algum tipo de intenção subjacente que não é boa". É o entendimento do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestado nesta sexta-feira (30/7) em debate com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), durante o evento "Sistemas de governo, crises e desafios", transmitido pela TV Conjur e mediado pelo advogado Pierpaolo Bottini, professor da Universidade de São Paulo.
Se dispensar a utilização de urnas eletrônicas fosse solução, disse Gilmar Mendes, "seria melhor voltar para o voto manual". Mas, como ele mesmo falou, o processo de contagem mostrou inúmeros problemas ao longo do tempo. "Vamos parar de conversa fiada. A urna eletrônica é auditável. Isso sempre foi aberto e é transparente. Temos que melhorar o controle de recursos e abuso de poder. Nada tem a ver com este processo", afirmou.
Segundo o ministro, a discussão sore voto impresso "sugere um segundo propósito que não pode ser recomendado".
O presidente da Câmara concordou com Gilmar e disse que o atual sistema é altamente confiável. Com a experiência de quem disputou oito eleições, seis das quais pelo sistema eletrônico, Lira disse a proposta de adoção do voto impresso, proposta pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, tem chances mínimas de avançar. "Na minha visão, não irá a plenário", sustentou.
Lira lembrou que, desde 2015, uma Proposta de Emenda Constitucional do mesmo teor está tramitando no Senado sem que houvesse avanços substantivos. Então, segundo ele, se há interessados em levantar o tema, deveria concentrar as ações no Senado e não na Câmara. "É perda de tempo discutir este tema na Câmara. Já disputei oito eleições e não temos nenhum fato que diga respeito a fraude", afirmou.