O Brasil vive um recorde de dívidas e inadimplência. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em junho de 2021 quase 70% dos brasileiros estavam endividados, uma alta de 2,5 pontos em relação ao mesmo mês do ano passado.
Não há dúvidas sobre quem é a grande responsável por essa situação: a crise econômica mundial. A pandemia fez desaparecerem diversas fontes de renda, desde empregos formais até atividades de pequenos e médios empresários. Além do desemprego, grande parte dos brasileiros também tiveram seus bônus suspensos e promoções adiadas.
“As reservas financeiras servem justamente para esses momentos difíceis, mas até o improviso tem limites. E quando esses limites se esgotam, o endividamento é a solução possível”, observa Robson Gonçalves, professor de Economia dos cursos de MBA do ISAE/FGV. Além do longo período de crise, que resultou no esgotamento de poupanças, o especialista aponta a tecnologia bancária como facilitadora do endividamento. “Com o aplicativo do banco no celular, a tomada de crédito ficou fácil, mais até do que na época do velho limite de cheque especial”, conta.
De acordo com Gonçalves, a única forma de superar essa situação crítica é avançar com a vacinação, acelerar a atividade econômica e recuperar a geração de emprego e renda. “Se a crise causada pela pandemia não fosse tão longa, a retomada da economia tenderia a reverter esse quadro. Mas o que se observa hoje são níveis de desemprego altíssimos e geração de novos empregos com qualidade inferior aos que foram perdidos – exceto em nichos muito específicos, como serviços de TI, por exemplo”, diz.
No momento, para os endividados, a dica é se atentar às possibilidade de portabilidade dos empréstimos. “Vale muito apena, como uma estratégia de busca de alívio financeiro, consultar outros bancos propondo portar para lá os empréstimos mediante renegociação com alongamento de prazos, se possível”, complementa Robson Gonçalves.