A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a indicação para que o nome do parque Barigui seja alterado para parque Jaime Lerner. A sugestão, que será enviada à prefeitura, é uma forma de homenagear o ex-prefeito e ex-governador do Paraná, que faleceu no último dia 27, aos 83 anos. O Legislativo decretou luto oficial de três dias pela morte do arquiteto e urbanista.
Autor da proposição (201.00057.2021) – que foi acatada em votação simbólica pelo plenário –, Alexandre Leprevost (SD) defendeu que sua ideia reforça a necessidade que Curitiba tem destacar ainda mais o legado de Lerner. “Independente se será o parque Barigui, a Ópera de Arame ou o Jardim Botânico, a intenção é reforçar para que exista uma homenagem justa. Pensamos em ruas para propor, mas sabemos que quando a gente altera nome de ruas, principalmente, ruas grandes, trazemos transtornos para moradores e comerciantes. O parque Barigui está à altura do ex-governador”, defendeu.
Segundo Tito Zeglin (PDT), “há quatro ou cinco meses” essa mesma ideia já havia sido dada por amigos do ex-prefeito “para homenageá-lo ainda vivo, colocando seu nome no parque Barigui”. “[Mas] o próprio Jaime Lerner foi da opinião de que não poderia ser feita esta homenagem a ele ainda em vida”, emendou. Por isso, agora, o vereador sugere que o nome do arquiteto seja acrescentado à nomenclatura do parque. “Não alteraríamos absolutamente nada. Apenas acrescentaríamos esse nome que projetou a cidade de Curitiba para o mundo.”
Apesar de não serem impositivas, as indicações aprovadas na CMC são uma das principais formas de pressão do Legislativo sobre a Prefeitura de Curitiba, pois são manifestações oficiais dos representantes eleitos pela população para representá-los e submetidas ao plenário. Por se tratar de votação simbólica, não há relação nominal de quem apoiou, ou não, a medida – a não ser os registros verbais durante o debate.
Jaime Lerner
Filho de Félix Lerner e de Elza Lerner, imigrantes judeus de origem polonesa, Jaime Lerner nasceu em Curitiba, em 17 de dezembro de 1937. Formado em Engenharia Civil e em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), assessorou, na gestão do prefeito Ivo Arzua (1962-1965), a discussão de um novo Plano Diretor para a cidade. Esse grupo foi o embrião do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), do qual Lerner é considerado um dos fundadores e foi presidente, na segunda metade dos anos 1960.
Já reconhecido como arquiteto e urbanista, foi prefeito de Curitiba em três gestões (1971-1974, 1979-1983 e 1989-1992) e governador do Paraná por dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002). À frente do Poder Executivo da capital, implementou instrumentos previstos no Plano Diretor que ajudou a desenhar. Dentre essas políticas urbanas estavam a valorização da área central, dos pedestres e do transporte coletivo.
Em 1972, segundo ano como prefeito, inaugurou o calçadão da rua XV de Novembro, trecho conhecido como Rua das Flores. No mesmo ano, o Teatro Paiol foi aberto como centro cultural. O pioneiro BRT, canaleta exclusiva para a circulação dos biarticulados, nasceu em Curitiba, em 1974, pelas mãos de Jaime Lerner. O sistema de transporte com as estações-tubo foi copiado ao redor do mundo e é considerado um modal rápido e barato.
Na área ambiental, o parque Barigui, um dos cartões-postais da cidade, foi criado, em 1972, com o objetivo de conter enchentes. São projetos do ex-prefeito, com a proposta de recuperação de áreas verdes, os parques Tanguá, Tingui e São Lourenço, além da Universidade Livre do Meio Ambiente. Inaugurado por Lerner em 1991, o Jardim Botânico, principal cartão-postal da cidade, também abriga o Museu Botânico.