O PIX chegou para transformar o universo financeiro no Brasil, mudando completamente a percepção de bancos, empresários e consumidores. Entretanto, muita gente ainda não sabe como essa nova ferramenta funciona. Na prática, o PIX permite que o consumidor, empresa e respectivos fornecedores reduzam seus custos reais com boletos, cheques, Transferência Eletrônica Disponível (TED) e Documento de Ordem de Crédito (DOC), além de gerar impacto na redução das tarifas com cartões de crédito e débito. Ou seja, ele chegou para ser uma alternativa alinhada às modalidades de pagamento instantâneo.
A principal vantagem do PIX é que suas operações poderão ser realizadas 24 horas por dia, sete dias na semana, ou seja, todos os dias e horários, “sem limites”, cabendo apenas aos operadores financeiros e clientes definirem limites por questões de segurança. Para o professor de Empreendedorismo e Inovação do ISAE Escola de Negócios, Rafael de Tarso Schroeder, isso altera completamente as relações de negócio e traz vantagens operacionais para os empresários de diversos setores do varejo. “Com o PIX, as redes varejistas poderão praticamente eliminar etapas, intermediários e, consequentemente, os gastos”, diz. Mas o que vai mudar nas operações e negócios do dia a dia?
Hoje, para um supermercadista realizar ou receber pagamentos por meio de uma carteira digital, é necessário um contrato de negociação com os fornecedores de pagamento, como PagSeguro, PicPay ou Mercado Pago, sendo que este processo gera taxas e o cliente acaba dependendo da disponibilidade das opções, bandeiras, etc. Segundo o especialista, ao adotar o PIX, basta que ambas as empresas estejam conectadas ao sistema para que o cliente decida como quer pagar, facilitando o processo de compra. “Existe ainda um cenário futuro de que a loja poderá emitir um QR code com o valor total da compra e o cliente, através do celular, poderá pagar. Basta perguntar a chave PIX ou escanear o QR code. A operação é confirmada praticamente em tempo real”, conta.
O pagamento de fornecedores também poderá ser agilizado, facilitando a relação e o fluxo de caixa. Rafael de Tarso Schroeder aponta que alguns dos principais benefícios para os empresários supermercadistas serão a redução com os custos operacionais, como taxas, equipamentos e máquinas para crescimento da operação e do negócio; melhor gestão do fluxo de caixa, já que ao receber diretamente do comprador há redução na dependência de crédito para capital de giro; e redução de tempo em relação a integração com novos meios e provedores de serviços financeiros, oferecendo um número maior de opções de pagamento para o cliente. O PIX ainda não substitui o cartão de crédito, mas o próprio Banco central aponta que, em breve, terá a opção de PIX agendado.
Para quem está preocupada com a segurança da nova ferramenta, as operações do PIX seguem os mesmos protocolos do Banco Central e demais instituições financeiras, pouca coisa se altera. “Atualmente, o maior risco está sendo quanto ao cadastramento das chaves, pois o vazamento de dados permite que outro indivíduo realize transferências. No entanto, é fundamental ter definido processos quanto ao alinhamento com o Código de Defesa do Consumidor. Lembrando que o cliente tem até sete dias para desistir de uma compra por telefone ou e-commerce. Se for pago via PIX, a empresa precisa realizar o estorno”, explica. “Definir as regras e orientar os operadores de caixa pode evitar problemas jurídicos futuros. O ideal é que a devolução seja imediata. Além disso, acredita-se que o PIX irá estimular a adesão aos sistemas bancários de novos usuários. Isso pode gerar dúvidas, receios e até problemas operacionais. Reforço a importância de criar campanhas internas e preparar as equipes de vendas para atuarem com o novo meio de pagamento”, complementa Rafael de Tarso Schroeder.