O nascimento de um filho é considerado um dos momentos mais felizes e esperados pela grande parte das mulheres. Entretanto, algumas desenvolvem quadros depressivos no pós-parto, que podem ser leves ou mais graves. Estima-se que cerca de 50% das mulheres que dão à luz apresentem certa tristeza, disforia e irritabilidade, que costuma ter início no terceiro dia depois do parto e pode durar até 15 dias após o nascimento do bebê, desaparecendo espontaneamente.
Se o sentimento de tristeza e irritabilidade for passageiro, não há motivos para se preocupar. É o que conta o psiquiatra especialista em transtornos de humor, Dr. Sivan Mauer. “O parto gera um estresse muito grande no organismo feminino, então é normal que a mulher apresente quadros de ‘blues puerperal’, como chamamos essas alterações iniciais de humor. Mas se os sintomas de depressão começam a aparecer apenas semanas após o parto, ou então atingem picos muitos altos, é preciso ficar atento”, explica.
O “blues puerperal”, também conhecido como “baby blues”, gera sintomas depressivos leves, como alternância de humor, exaustão, diminuição da concentração e, até mesmo, insônia. “É importante que os obstetras sejam capazes de distinguir o que é uma depressão e o que é um cansaço habitual em uma mulher que acabou de ter um bebê, para assim destiná-la ao tratamento correto”, aponta. Segundo o especialista, existem alguns fatores que devem ser levados em consideração para o diagnóstico, como histórico prévio de alteração do humor no período pré-menstrual, síndrome depressiva anterior à gravidez, histórico familiar de depressão, entre outros.
O tratamento da depressão pós-parto é conservador, mas pede a observação constante dessas mães, que precisam de apoio e de uma boa rede de segurança. “Geralmente, mulheres que desenvolvem quadros mais graves de depressão pós-parto já apresentaram, em outros momentos da vida, sintomas de transtornos de humor. Nestes casos, o melhor tratamento é voltar com a medicação antiga. Já para casos mais leves, como o de ‘baby blues’, a dica é que essas mulheres tentem se expor mais à luz solar, como não fechar as cortinas e não usar óculos de sol”, complementa o Dr. Sivan Mauer.