Símbolo da luta contra a covid-19, o médico Jamal Munir Bark, o doutor Jamal, vai voltar ao trabalho na próxima semana. Ele vai atuar no Complexo Regulador da Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), que define o tipo de assistência em leitos e ambulâncias.
Recuperado, Jamal não representa risco de contágio às outras pessoas e vai trabalhar com todos os equipamentos de proteção, conforme a praxe médica de atendimento.
Antes de se recuperar da doença, Jamal atendia aos pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão, de onde foi afastado em 19 de março devido à contaminação pelo coronavírus.
Ao lado da secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, ele participou nesta quarta-feira (29/7) da “live” diária realizada pela Prefeitura de Curitiba no Facebook para tratar de assuntos da pandemia.
“A gente é como uma grande família aqui. A gente sofre e vibra por todos os nossos profissionais”, disse a secretária, muito feliz com a recuperação de Dr. Jamal.
O médico de 59 anos apresentou o quadro mais grave da doença. Duas horas após ser internado no Hospital Marcelino Champagnat, ele foi levado para a unidade de terapia intensiva (UTI), onde ficou intubado por 26 dias. O internamento durou cerca de dois meses e, até hoje, Dr. Jamal se submete a sessões de fisioterapia.
Antes da “live”, Dr. Jamal deu detalhes sobre o período em que esteve doente. “Foi assustadora a evolução desta doença”, conta o médico.
“Cinco por cento dos casos apenas são críticos, com UTI e intubação, mas começa com ventilação não invasiva, e eu já fui direto para a intubação”, recorda.
Rotina
Passada a alta, Dr. Jamal não sentia o cheiro ou gosto da comida e era incapaz de andar e de se alimentar sozinho. “Depois disso o valor que você passa a dar em segurar o próprio garfo, caminhar, sentir o paladar e o olfato, isso tudo mexe com você”, relata.
Para o médico, ainda falta consciência por parte da população sobre a gravidade da covid-19. “Acho incrível que as pessoas não se deram conta da gravidade. Quando passo de carro vejo pessoas se aglomerando, sem máscara”, disse Dr. Jamal.
Ele acredita que só o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene correta das mãos podem barrar a doença. “São as orientações que a Secretaria Municipal da Saúde passa, o que está na mídia”, reforça o médico.
Carinho
O médico se surpreendeu com o carinho que recebeu. Foram mais de dez mil mensagens de apoio nas mídias sociais para ele e sua família – um vídeo com algumas delas foi exibido antes de entrar na “live”.
Sobre a possibilidade de trabalhar no Complexo Regulador, durante a pandemia, Jamal se sente agradecido. “Só tenho a agradecer pelo que a fundação fez e continua fazendo por mim, consciência que outras empresas não teriam”, reconhece.
O médico espera voltar a atender pacientes em breve. “A minha vocação é trabalhar na emergência”, afirma.