Com a ampliação da estrutura e de serviços, a Praça Plínio Tourinho, no Rebouças, se transformou em um complexo de atendimento às pessoas em situação de rua ou desabrigadas. O local – que já era uma referência para essa população – conta com duas unidades de acolhimento e oferta alimentação, espaços para higiene pessoal, guarda-pertences e canil.
Nos próximos dias, a área que está sendo chamada de Praça Solidariedade, ganhará ainda um centro socioeducativo, para capacitação profissional e o desenvolvimento de atividades culturais, de esporte e lazer, além de duas hortas. E, ainda, uma lavanderia com tanques e máquinas de lavar e secar roupas, e escritórios sociais onde profissionais de várias áreas, inclusive do Sistema de Garantia de Direitos, irão orientar quem buscar atendimento.
“Centralizamos todos os serviços e evitamos o desgaste dos usuários, que antes precisavam se deslocar para vários endereços em busca de diferentes atendimentos”, explica a diretora de Atenção à População em Situação de Rua da Fundação de Ação Social (FAS), Vanessa Resquetti.
Promoção social
A Praça Solidariedade consolida o trabalho desenvolvido pela Prefeitura de cuidar da população em situação de rua, considerada a mais vulnerável.
“Para a promoção social, o primeiro passo é permitir que essas pessoas almocem com dignidade em uma mesa, possam tomar banho, trocar as roupas, para depois irem para o atendimento e acompanhamento social”, diz o coordenador do projeto, Fernando Cogrossi.
Quem vai até a praça pode dormir em camas quentes que têm os lençóis e fronhas trocados diariamente. São 190 vagas disponíveis para homens e mulheres, de 18 a 59 anos.
A alimentação é garantida pelo programa Mesa Solidária, uma ação conjunta de órgãos do município, como Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, FAS e Secretaria Municipal de Defesa Social, que cedem espaços e apoio logístico, com instituições religiosas, organizações da sociedade civil e movimentos de apoio às pessoas em situação de rua, que adquirem, preparam e servem os alimentos. Diariamente, são servidas aproximadamente 500 refeições, no almoço e no jantar.
Instalados em contêineres, dois banheiros masculinos e um feminino oferecem chuveiros. Para o banho, cada usuário recebe uma toalha, além de xampu e sabonete. A higiene é complementada com escova e pasta de dentes.
Os animais de estimação dos acolhidos também recebem atendimento. Eles podem ficar abrigados em canis, onde ganham alimentação e são vacinados, castrados, além de terem acesso a tratamento veterinário, com medicação, se necessário. O trabalho conta com a parceria da Rede Municipal de Proteção Animal e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Acesso
Para acessar os serviços, as pessoas em situação de rua podem buscar atendimento espontaneamente, mas o encaminhamento é feito também pelas equipes de abordagem social ou de unidades da assistência social, coordenadas pela FAS.
Em função da pandemia da covid-19, a organização dos serviços segue orientação e critérios dos órgãos de Saúde, para garantir a prevenção e evitar o contágio de servidores e usuários.
Cama limpa
Acolhido há duas semanas, na Casa de Passagem 24 Horas Plínio Tourinho, o cabeleireiro Júlio Cesar Ferreira, 54 anos, passa as horas desenhando. “Gosto de desenhar desde criança e acabei fazendo faculdade de Belas Artes”, conta.
Usando lápis, Júlio faz principalmente retratos. A habilidade é tanta que ele tem recebido encomendas e o dinheiro que cobra ajuda a bancar despesas pessoais.
“Gosto de ficar aqui, o serviço é maravilhoso, mas preciso arrumar um emprego, ter uma ocupação e poder alugar um lugar para mim”, diz o homem, que durante 30 anos foi cabeleireiro, inclusive em salões renomados da cidade, e há dez anos passa por momentos de situação de rua, em função da dependência química.
Depois de passar dois anos nas ruas e ser atendido em vários serviços da FAS, Gerson Pereira, 45 anos, se prepara para uma nova vida. Há seis meses acolhido em um dos hotéis sociais do município, ele está trabalhando como ajudante de serviços gerais na Praça Solidariedade e sonha ter o próprio canto.
“Quero uma vida melhor para mim e para todas as pessoas. Minha vida está melhorando, tem que levantar a cabeça e seguir em frente”, diz Gerson Pereira.
Desabrigado, João Mário Henrique Melo, 38 anos, também espera por dias melhores. Ele chegou a Curitiba há 20 dias, vindo de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para vender produtos eletrônicos, mas a pandemia da covid-19 atrapalhou os planos.
“Sem ter para quem vender, fiquei sem dinheiro e lugar para dormir”, conta Melo, que espera receber a parcela do auxílio emergencial para comprar mais produtos e retomar a atividade. “Ainda bem qu