Se recuperar melhor, mais forte e juntos. Essa frase imperativa é a maneira que precisamos olhar para a transformação da sociedade nos dias de hoje. A humanidade entrou em uma crise única nessa geração e que já gera grandes impactos sociais e econômicos. A retomada não será rápida e muito menos fácil, porém a união e a colaboração farão com que os negócios sejam reconstruídos de forma mais resiliente, responsável e justa.
Nos últimos anos (e agora mais do que nunca), os principais stakeholders – clientes, colaboradores, investidores e fornecedores – passaram a desafiar as empresas por respostas em relação à essas mudanças na sociedade, bem como às mudanças climáticas, exploração de recursos naturais, e à instabilidade econômica e política das nações. Isso gerou uma grande mudança, especialmente nos critérios e modelos econômicos que definem se uma empresa é bem sucedida ou não. As organizações de sucesso serão aquelas que atenderem as necessidades do maior número de pessoas, utilizarem o mínimo de recursos possíveis e se conectarem da melhor forma com seus grupo de stakeholders: isso se traduz em impacto, eficiência, inovação e colaboração.
O Fórum de Líderes do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), que aconteceu de maneira online nos dias 15 e 16 de junho, reuniu empresários, governantes e acadêmicos do mundo todo para debater o papel da colaboração e ação frente a agenda global do desenvolvimento sustentável. Durante mais de 26 horas foi impressionante perceber a movimentação dos diferentes setores da sociedade e o potencial de mudança e impacto positivo que todos podem gerar.
O ex-CEO da Unilever, Paul Polman, ressaltou que empresas com uma estratégia de sustentabilidade eficiente performam melhor frente aos seus investidores e demais stakeholders, evidenciando o papel integrador que diretrizes baseadas em ESG (Environmental, social and corporate governance) podem ter se aplicadas de maneira transversal. Paul, que agora é Vice Chair do Board do Global Compact, disse uma frase que me fez refletir: "as ações falam mais alto do que qualquer coisa”. Passamos da época onde a sociedade aceitava apenas discursos bonitos e uma propaganda bem feita, hoje as ações falam por si. A transparência e o acesso a informação faz com que o consumidor possa ser "fiscal" da empresa que consome, criando uma relação de confiança e consumo sem precedentes. Isso ficou muito claro durante a crise da COVID – empresas que assumiram o protagonismo e agiram para responder as necessidades das pessoas, com certeza serão as mais lembradas por seus consumidores quando tudo isso passar – o ganho reputacional é imensurável.
Um outro debate que chama atenção foi levantado por Al Gore, grande ambientalista e ex-presidente dos Estados Unidos. Vivemos a algum tempo em uma crise sistêmica no planeta, evidenciada nesse momento de pandemia: uma crise de diversidade. Questões raciais e de gênero foram potencializadas, por estarem diretamente relacionadas à fragilidade social em muitos países. Mulheres e negros são a maioria entre os desempregados e também no mercado informal, um dos principais impactados nesse momento. Além disso, em locais como o Brasil, a população negra é a mais atingida pela COVID, especialmente pelas condições de vida, acesso a saúde, saneamento básico e habitação.
O momento de reflexão e mudança é agora. Ilham Kadri, CEO da Solvay, propôs um chamado para a ação fundamental: os líderes tem que liderar. É mandatório que a geração atual de líderes e empreendedores pensem no legado que pretendem deixar no planeta. As ações realizadas e as decisões tomadas hoje, vão moldar o nosso futuro e consequentemente o que deixaremos para as próximas gerações.
A mensagem é clara, precisamos de urgência. Quando essa pandemia passar, teremos outras ondas… a recessão econômica por exemplo, e a crise climática que é um tsunami preparado para nos atingir. Como você pode fazer parte dessa virada? Melhor, mais forte e JUNTOS.
*Gustavo Loiola é Mestre em Governança e Sustentabilidade e supervisor de Sustentabilidade e Relações Internacionais no ISAE Escola de Negócios, responsável por ações alinhadas com a Organização das Nações Unidas (ONU).