Em virtude da pandemia global do novo coronavírus, a necessidade de adotar um regime de quarentena incentivando a interrupção de atividades comerciais e sociais não essenciais é uma indicação que vem sendo constantemente endossada por governantes e autoridades da saúde em todo mundo nas últimas semanas. Contudo, um dos reflexos diretos ao distanciamento social é a redução significativa ou até mesmo suspensão total das práticas comerciais de venda e prestação de serviços de estabelecimentos que trabalham e devem grande parte de seu faturamento a relação de consumo direta com a presença física de público.
Nestas circunstâncias, um dos segmentos mais atingidos pelos efeitos colaterais do isolamento, é sem dúvida o setor de bares e restaurantes. No Paraná, a Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), salientou desde o início da pandemia o comprometimento com a preservação da saúde do micros, pequenos e médios empresários, seus funcionários e da população como um todo estimulando prontamente todos seus associados a seguirem as orientações de combate a disseminação do vírus, além de apontar e cobrar o suporte necessário a administração pública. “Em momento algum a Abrasel se posicionou a favor da reabertura de bares e restaurantes, ou solicitou ajuda do Governo para incentivar a população a frequentar os estabelecimentos em funcionamento. Pelo contrário, entendemos a importância das medidas de afastamento social e inclusive protocolamos dois ofícios junto ao Governo do Estado do Paraná com conteúdos que comprovam isso. Um deles pedia o fechamento efetivo dos empreendimentos via decreto e outro solicitava que fosse retirado de um dos decretos governamentais a declaração dos salões dos restaurantes como serviço essencial, deixando apenas nesta categoria, o delivery e o take away”, afirma o presidente da Abrasel Paraná, Nelson Goulart Júnior.
Os documentos protocolados pela entidade neste mês de abril reiteram a relevância do distanciamento interpessoal neste momento e lembram que não houve determinação oficial por parte do Governo quanto o fechamento dos salões de bares e restaurantes, um grande erro na visão da Abrasel. “Desde que os decretos oficiais foram emitidos, nós temos apontado as discrepâncias que o Governo do Paraná tem apresentado desde o início da pandemia em seus comunicados. Há pronunciamentos vagos que não declaram oficialmente o regime de quarentena, ao mesmo tempo em que são veiculadas peças publicitárias orientando a população a ficar em casa. Os decretos usam a palavra ‘considerar’, o que gera dúvidas. Apoiamos o funcionamento alternativo das nossas atividades, mas não temos uma determinação de suspensão clara para o nosso setor, por isso além de realizar demoradas reuniões com o Vice-governador Darci Piana e com o secretário de justiça Ney Leprevot, protocolamos os ofícios para enfatizar ainda mais nossa posição”, destaca o presidente da Abrasel Paraná.
Delivery e Take Away
Para minimizar os prejuízos causados pelo coronavírus, inúmeros empreendimentos buscaram alternativas para manter suas atividades em funcionamento parcial, mas sem comprometer as orientações básicas de combate a disseminação do vírus. “Para manter seus serviços ativos e preservar algum fluxo de caixa, muitos estabelecimentos optaram por dar exclusividade ao serviço via delivery ou para ações de retirada de pedidos no balcão, já que mesmo sem o decreto oficial para o fechamento dos salões, o movimento caiu significativamente, devido ao bom senso de grande parte da população em optar por ficar mais tempo em casa”, conta Nelson Goulart Júnior.
Uma das solicitações da Abrasel pede uma alteração imediata no texto do artigo 2º, parágrafo único, inciso V do decreto nº 4.317 emitido pelo Governo do Estado do Paraná, para que a essencialidade da produção, distribuição e comercialização de alimentos para uso humano e veterinário seja limitado somente a modalidade de entrega em delivery, retirada no local ou similares. “Essa medida será essencial para assegurar não só a saúde das pessoas que frequentam e trabalham em nossos estabelecimentos, bem como a saúde financeira dos bares e restaurantes, uma vez que inexistindo a declaração de serviço essencial, a negociação com credores e fornecedores será menor conduzida”, completa o presidente da entidade.
Sucesso no delivery
Conhecida pelo ambiente moderno e descontraído, perfeito para um bom bate-papo entre amigos, a Cookie Stories, confeitaria especializada em cookies e delícias da culinária norte-americana, foi um dos primeiros empreendimentos da capital paranaense a adaptar seu formato de atendimento frente as ameaças do COVID-19. Investindo em soluções de delivery e drive-in, a empresa encontrou na mudança o fôlego necessário para passar pela crise que atinge todo o país. Resultado: desde o início da pandemia, viu seu faturamento via delivery crescer 430% em comparação aos últimos seis meses.
Com mudanças drásticas no formato de trabalho, uma das primeiras medidas tomadas pela Cookie Stories foi a concentração do atendimento apenas em sua unidade matriz, unificando todos os pedidos em sua unidade no bairro Juvevê, um dos mais importantes da capital paranaense. Para evitar a reunião de pessoas e a necessidade dos clientes de saírem de casa, foram apresentadas soluções de delivery tanto em aplicativos de entrega, como IFood e James Delivery, quanto por meio do atendimento direto pelo telefone da loja e via WhatsApp no (41) 3077-0601. Os clientes podem optar ainda pela opção de drive-in, onde eles dirigem até a loja e recebem o pedido no carro.
Com atualizações constantes em suas redes sociais e contato sempre direto com o público, o empreendimento tem percebido retorno imediato em suas ações. “Temos recebido vários feedbacks positivos dos clientes que recebem nossos produtos em casa. Diversas pessoas compartilham sobre como conseguimos levar conforto até eles com nossos doces, mesmo nesse momento tão delicado pelo qual estamos passando”, comemora Rafaela, Camargo, sócia da Cookie Stories. “Claro que não é como antes e sentimos a falta de atender o público em nossas unidades, mas foi a maneira que encontramos de minimizar perdas, não apenas financeiras, mas principalmente de capital humano. Dessa forma garantimos o fôlego para quando a crise acabar”, completa a empresária.