“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”. A verdade intrínseca na frase de Shakespare, de que a aversão ao risco é um passo fora do caminho para o ganho, ilustra que não conhecemos todas as coisas e, de fato, muitas vezes seguimos adiante “na neblina”. Durante estes momentos, confiar no conhecimento empírico de quem já percorreu o caminho e possui um pouco mais de experiência é crucial para a tomada de decisão.
Estamos vivendo um momento de grande incerteza e o risco alarmado dissemina o medo. A paralisação provocada pelo pânico nos preocupa com o agora e com o impacto no futuro. Assim, entender como unir forças e ideias criativas para combater a crise são atitudes adotadas por inovadores e transformadores na construção de soluções inteligentes para problemas comuns.
Linda Hill, autora e professora de Harvard, ensina em seu livro “Collective Genius” (em tradução literal “Genialidade Coletiva”) que a construção do futuro se dá pela contribuição individual de genialidade das pessoas, que juntas criam um ambiente de colaboração, aprendizagem orientada a descoberta e a tomada de decisão integrada. Entretanto, é necessário que os líderes encarem dois desafios básicos:
1º) criar um ambiente onde as pessoas tenham vontade de realizar o trabalho duro da inovação. Para isso, você precisa construir uma comunidade com um senso de propósito compartilhado, valores e regras de engajamento.
2º) engajar pessoas com a capacidade de atuar dentro de ambientes que estejam voltados para a solução inovadora de problemas e onde estimulem a abrasividade criativa (capacidade de gerar ideias através do discurso e debate), a agilidade criativa (capacidade de testar e experimentar através de busca e ajuste rápido) e a resolução criativa (capacidade de tomar decisões integradas que combinam ideias díspares ou até opostas).
Com isso, entende-se que uma das formas mais eficazes para resolver problemas em situações incomuns é, sem dúvida, por meio da inovação e do trabalho cooperativo, com a criatividade e genialidade coletiva. Um caminho árduo e que precisa de esforço coordenado.
Paralelamente ao cenário que estamos vivendo com o confinamento em massa e com tantos números apocalípticos, a construção conjunta do futuro é uma opção viável, tendo em vista que crises são cíclicas e outras virão. Se não houver o esforço coordenado desde o planejamento até a ação conjunta, a possibilidade de vivermos com medo é enorme. Entretanto, se estiverdes preparados, não temereis.
*Thiago Martins Diogo é Especialista em Gestão Estratégica da Inovação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordena o Programa de Inovação no ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br).