Os chocolates Bean to Bar (da amêndoa à barra) da Cuore di Cacao agora podem ser encontrados em supermercados, começando por lojas da rede Festval. A linha conta com 11 produtos, que variam entre os sabores tradicionais (ao leite 38% e 70%, por exemplo) e criações bem autorais (com laranja e coentro, caju e flor de sal, ChocoChai, entre outros). “O Festval é um parceiro que valoriza o pequeno produtor local. Além disso, o custo na rede será o mesmo das lojas”, ressalta Bibiana Schneider, sócia da Chocolateria Cuore di Cacao, há 15 anos no mercado de chocolates e com lojas nas regiões Sul e Sudeste.
Depois do investimento no cacau brasileiro, que resultou no aumento da qualidade do que tem sido produzido no país, o movimento do Bean to Bar ganhou ainda mais força no país. Ao contrário dos chocolates da indústria tradicional, que contam com ingredientes como aromatizantes e gordura hidrogenada, esses produtos trabalham apenas com o chamado cacau fino, além de terem preocupação com a rastreabilidade dos produtos e com a responsabilidade social e ambiental envolvida no processo. Na Cuore di Cacao, os chocolates são preparados apenas com ingredientes naturais.
“Estamos vivendo um momento áureo da produção Bean to Bar no Brasil. Cada chocolatier consegue personalizar o seu trabalho, além da responsabilidade com a cadeia como um todo. Há todo um cuidado no cultivo, na colheita e no pós-colheita”, diz Bibiana. Outro ponto destacado por ela é o acesso não só à matéria-prima de qualidade, mas uma redução no custo dos equipamentos necessários para a produção, especialmente por parte dos pequenos produtores.
O movimento é ainda mais viável no Brasil devido à sua capacidade produtiva. Atualmente, o país produz aproximadamente 250 mil toneladas de cacau por ano. Além da Bahia, o Pará está enfrentando grande crescimento na produção do fruto, saltando de 18% para 53% da produção nacional do país no período entre 2005 e 2018, segundo dados do Ministério Agricultura. Nos Estados Unidos, estima-se que o Bean To Bar já represente 3% do total do consumo do país. Nos últimos 15 anos, houve crescimento de 5000%, saindo de 5 para 250 marcas. “No Brasil, estão surgindo marcas pequenas e médias, capazes de trabalhar com conceito e qualidade”, afirma.
Paralelo com a cerveja artesanal
De certa forma, o momento vivido pelo chocolate Bean to Bar se assemelha ao crescimento das cervejarias artesanais nos últimos anos. Um movimento que começou com as panelas dentro de casa e tomou corpo com o aumento de microfábricas. Em 2018, uma nova cervejaria foi registrada no Brasil a cada dois dias, segundo levantamento da Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva). No início de 2019, existiam pelo menos 889 fábricas no país. As estimativas da entidade são de que a cerveja artesanal esteja se aproximando de 2% do total do consumo no país.
Em um levantamento feito em parceria entre o Sebrae e a Abracerva, uma espécie de censo das cervejarias artesanais, 70% delas têm até 4 anos de vida – 42% entre 1 e 2 anos de vida e 28% entre 3 e 4 anos. Assim como o setor cervejeiro, o de chocolate Bean to Bar enfrenta também o desafio de comprovar a sua qualidade e explicar a diferença dos seus produtos para o da indústria tradicional, inclusive no quesito preço. “É um trabalho mais demorado e mais custoso para ser realizado. Por isso, precisamos levar informação o tempo inteiro ao consumidor”, explica Bibiana.
Além disso, é um segmento no qual as inovações e a criatividade transparecem nos sabores – assim como na cerveja artesanal. “Trouxemos a brasilidade para a nossa linha, com sabores regionais e de personalidade. O Bean to Bar se iniciou nos EUA como um movimento super purista, mas chegou a hora de colocar criatividade e existem muitos sabores legais surgindo”, completa Bibiana.
Para mais informações, acesse o site www.cuoredicacao.com.br.