Após repercussão negativa, a Polícia Militar (PM) do Paraná informou nesta segunda-feira, 13, que irá substituir o termo “masculinidade” por “enfrentamento” em seu edital para preenchimento de 16 vagas para cadetes. O critério faz parte de 72 itens da avaliação psicológica dos candidatos.
No detalhamento da análise de “masculinidade” prevista no edital, sobre a qual se exige grau maior ou igual a “regular”, consta que o indivíduo deve ter capacidade “de não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridade, e não emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.
O certame, lançado na quinta-feira passada, 9, é direcionado a homens e mulheres de até 30 anos e exige, entre outros requisitos legais, ensino médio completo.
Apesar da retirada do termo, a PM não esclareceu se manterá a descrição do critério no edital. Em nota, a corporação ressalta que o teste, utilizado em outras instituições de segurança pública, é avalizado pelo Conselho Federal de Psicologia e “não tem conotação de diferenciação de gênero, sexo ou qualquer outra forma discriminatória”.
O edital traz também como exigência psicológica dos candidatos um nível baixo de “amabilidade”. O item é descrito como "a capacidade de expressar-se com atenção, compreensão e empatia às demais pessoas, buscando ser agradável, observando as opiniões alheias, agindo com educação e importando-se com suas necessidades”.
Críticas
O critério “masculinidade” no edital da PM foi alvo de críticas por parte da Aliança Nacional LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Intersexuais) e do Grupo Dignidade, que divulgaram nota afirmando que a exigência é discriminatória, pois desconsidera a possibilidade de mulheres se candidatarem às vagas ou quer que elas tenham características masculinas.
Além das organizações, a seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) informou que também pediria a modificação ou retirada do termo do edital.
Em evento na manhã desta segunda-feira, a governadora Cida Borghetti (PP) havia afirmado que o edital segue um modelo “antigo e nacional”, elaborado por psicólogos. Já no final da tarde, ela divulgou nota determinando a correção do termo. Ela ressaltou “que não admite qualquer postura discriminatória em atos de instituições estaduais."