Nova sinalização dos radares reduz em quase 30% as infrações por excesso de velocidade em Curitiba

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Foto: José Fernando Ogura/SECOM

As infrações por excesso de velocidade em Curitiba apresentaram redução de quase 30% nos primeiros dez meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. A queda é consequência do reforço da sinalização dos radares e das ações de fiscalização e educação no trânsito realizadas pela Superintendência de Trânsito (Setran) de Curitiba. 

A infração por desrespeito aos limites de velocidade nas vias é a primeira colocada no número de multas no trânsito da cidade, com registro de 416.838 autuações aplicadas no período de janeiro a outubro de 2025. A queda foi de 29,2% nas infrações em comparação com 2024, que registrou 589.210 infrações por excesso de velocidade.

O superintendente de Trânsito de Curitiba, Bruno Pessuti, destaca que a sinalização dos radares faz com que o motorista mude seu comportamento, reduzindo ou mantendo a velocidade adequada para a via.

“O objetivo é garantir maior segurança de todos no trânsito, mas  ainda há um grande número de condutores que continuam deliberadamente ou por desatenção, excedendo os limites de velocidade e desrespeitando as leis de trânsito. A fiscalização eletrônica ajuda a salvar vidas,” afirmou Pessuti.

De acordo com os Indicadores Brasileiros sobre Fiscalização de Velocidade, com base nos estudos realizados pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), coordenado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco para que ocorram acidentes de trânsito, que podem provocar mortes e lesões mais graves nas vítimas. 

A pesquisa, Excesso de velocidade na área calma de Curitiba: Análise dos fatores determinantes e estimativa da economia de tempo,  desenvolvida em 2023 pelos pesquisadores Louise Fuhrmann, Eduardo Cesar Amancio, Pedro Augusto Borges dos Santos e Jorge Tiago Bastos da Universidade Federal do Paraná, analisou o excesso de velocidade praticado pelos motoristas numa área de abrangência de 364 quadras da região central que integram a área calma, onde o limite de velocidade permitido nas vias é de 40 km/h. 

O estudo teve como foco de observação o comportamento de 19 motoristas que realizaram 151 viagens e percorreram 199,33 quilômetros no trecho da área calma. A pesquisa mostra que dos 19 condutores que passaram pela área calma, 14 excederam o limite de velocidade estabelecido na via, trafegando com velocidades entre 47 km/h e 50 km/h.

Economia de tempo insignificante

A engenheira civil Louise Fuhrmann desenvolveu esse estudo e explica que a pesquisa concluiu que a economia de tempo dos motoristas que excederam os  limites de velocidade foi insignificante, de apenas alguns segundos. A economia de tempo no trajeto dos 19 motoristas analisados ficou entre  0,02 e 41 segundos, com média de 3 segundos por quilômetro rodado, ou seja, uma economia de tempo de 1,86% do tempo total do trajeto percorrido. 

Fuhrmann observou também em outro trabalho realizado em 2019,  Estimation of time savings during speeding, (Estimativa de economia de tempo durante o excesso de velocidade), realizada com 40 condutores monitorados durante duas semanas em vias acima dos 40km/h em Curitiba, que a economia de tempo desses motoristas que excederam os limites de velocidade nesses trechos foi em média menor do que oito segundos por quilômetro rodado, cerca de 7,81 segundos. Cada condutor economizou entre 46 e 55 segundos nas 1.331 viagens analisadas. Os resultados indicaram que os valores de economia de tempo são pequenos e possivelmente abaixo da economia de tempo percebida quando o condutor escolhe por exceder a velocidade. 

“A economia de tempo ao praticar o excesso de velocidade é uma prática do senso comum, uma falsa percepção que coloca as pessoas em risco, o motorista e os demais usuários da via como pedestres e ciclistas. O condutor perde esses segundos em interrupções no ambiente urbano, como semáforos, congestionamentos e lombadas”, enfatizou Fuhrmann.

A pesquisadora enfatizou ainda que é preciso mudar a mentalidade dos motoristas para evitar os sinistros e as mortes por excesso de velocidade. “ As pessoas precisam pensar o trânsito de outra forma, com a baixa velocidade a segurança é garantida. Um pedestre atropelado por um veículo com velocidade de 20km/h provavelmente não será ferido com gravidade. Por outro lado, um atropelamento onde a velocidade do veículo é de 70km/h terá um impacto maior e mais grave”, ressaltou.

O coordenador do grupo de pesquisa do Observatório Nacional de Segurança Viária da UFPR, Jorge Thiago Bastos, destaca que esse estudo naturalístico traz evidências importantes sobre o comportamento dos condutores com relação à escolha da velocidade sob á ótica da infraestrutura viária.  

“O trabalho concluiu que a implantação de áreas calmas ou “zonas  de moderação de tráfego” são importantes para a gestão da velocidade nos municípios brasileiros. A pesquisa visa trazer subsídios para construção de políticas públicas para diminuir os índices de mortes e lesões no trânsito brasileiro, já que o excesso de velocidade é o principal fator de risco para ocorrência e severidade dos sinistros de trânsito”, esclareceu.

 

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