As celebrações do Natal em Curitiba, que em 2025 contam com cerca de 150 atrações gratuitas espalhadas pela cidade, vão além do entretenimento e já se consolidam como um importante motor para o turismo e a economia local. A rede hoteleira registra índices elevados de ocupação, com média próxima de 90%, e há casos de lotação máxima durante os principais espetáculos natalinos.
A capital paranaense conta com toda uma grande infraestrutura de hospedagem para os turistas. São mais 100 estabelecimentos e 17 mil leitos, entre hotéis, flats, pousadas e hostels, para os mais diferentes públicos.
Um dos exemplos desta ampla ocupação foi registrado durante as apresentações do Natal do Bradesco no Palácio Avenida, quando o Mabu Curitiba Business, localizado na Praça Santos Andrade, no Centro, alcançou 100% de ocupação.
Ana Paula Maynard, gerente nacional de vendas do Mabu Hotel, atribui a lotação do hotel às atrações natalinas. “Nós acreditamos que este resultado se relacione com a grande quantidade de espetáculos e atrações de renome, que chamam a atenção de diversos lugares do país. Nunca tivemos tantas reservas com grande antecedência para esta data”, revela Ana, que espera uma ocupação de 85% a 90% dos quartos disponíveis até o Natal.
A gerente do Go Inn, Carolina Sniecikoski, revela que também a taxa de ocupação de seu hotel está bastante alta. “Na primeira quinzena de dezembro, nós tivemos alguns dias com 100% de ocupação e estamos com um acumulado até o momento em torno de 80%” declarou.
Para poder atender o crescimento da demanda, os hotéis tiveram que investir, inclusive com contratação de pessoal. Isabela Meyer, gerente geral do Qoya Hotel Curitiba, relatou os preparativos extras que foram demandados. “Reforçamos o planejamento operacional, ajustamos as escalas e intensificamos o cuidado com a experiência do hóspede”, afirmou a gerente.
Hóspedes estrangeiros
Ricardo Nielsen, diretor de Marketing, Vendas e Distribuição da Slaviero Administradora (Slaviero Hotéis e Slim Hotéis), afirma que nos estabelecimentos desta rede ocorreu um aumento de mais de 15% na procura por vagas na comparação com o ano passado. Também revela que, neste momento, os hotéis mais centrais da rede estão com ocupações acima de 80% nos fins de semana devido aos espetáculos.
Entre estes hóspedes há um crescimento sensível dos turistas estrangeiros que vem à cidade para curtir o Natal. “O público internacional vem crescendo de forma consistente a cada ano, com destaque para turistas da Argentina, Uruguai e Paraguai. Em relação a 2024, registramos um crescimento de aproximadamente 20% no número de hóspedes internacionais”, afirmou Nielsen.
O presidente do Instituto Municipal de Turismo, Rodrigo Swinka, avalia que o desempenho é reflexo direto da programação natalina. “Esse fluxo de turistas ajuda a gerar empregos, movimenta renda e aquece a iniciativa privada, que é quem de fato conduz o turismo. É o resultado da promoção de grandes eventos pela cidade”, destaca o presidente.
Para o presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação (SEHA), Jonel Chede Filho, o momento vivido pela hotelaria curitibana é melhor do que de anos anteriores. Segundo ele, além da alta ocupação em dezembro, já há reflexos positivos para o período pós-Natal. “Estamos vivendo um momento de hospedagem melhor do que em anos anteriores, com evolução constante. Atrações como o Natal da Disney têm grande repercussão. Já existem reservas para o início de janeiro, de pessoas que escolheram Curitiba como destino turístico”, afirma Jonel.
O impacto positivo também se reflete nos bares e restaurantes da capital. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR), Luís Fernando Menuci, o movimento deve crescer mais de 10% neste período. Ele observa ainda um aumento nos pagamentos em dinheiro, o que pode indicar maior presença de turistas estrangeiros. “Esse comportamento sugere visitantes que não utilizam PIX ou cartões válidos no Brasil”, analisa.
Otimismo no comércio
No comércio, o cenário também é de otimismo. Pesquisa de Expectativa de Compra e Venda no Natal 2025, realizada pela Associação Comercial do Paraná (ACP), aponta que 62% dos lojistas estão confiantes no desempenho de seus negócios. Do lado dos consumidores, 61% afirmam que pretendem comprar presentes neste fim de ano e 46% dizem que devem gastar mais do que no Natal anterior. Para o presidente da ACP, Antônio Gilberto Deggerone, os dados indicam um período favorável. “Os resultados reforçam que o Natal de 2025 deve trazer boas oportunidades para o comércio curitibano, com consumidores mais dispostos a comprar e empresários preparados para atender à demanda”, resume Deggerone.
Em regiões próximas às atrações natalinas, o otimismo é ainda maior. No Largo da Ordem, a vendedora Thays Rudenik, que trabalha há seis anos na loja Mister Mundo São Francisco, relata crescimento expressivo nas vendas. “Estimamos um aumento de cerca de 80%. Para atender à demanda, tivemos que estender o horário de funcionamento e contratar freelancers”, conta.
Histórias semelhantes às de Thays são repetidas por outros profissionais, como balconistas, ambulantes e funcionários de estabelecimentos que relatam um crescimento expressivo de seus comércios.
Maior competitividade
Segundo o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), Lucas Dezordi, a programação de Natal de Curitiba tem desempenhado papel estratégico na intensificação do fluxo turístico e no fortalecimento do comércio e dos serviços da capital. “Dados do Boletim do Turismo da Fecomércio PR indicam que, no acumulado de janeiro a novembro de 2025, a inflação do turismo em Curitiba atingiu 5,03%, abaixo da média nacional de 6,88%. No recorte de 12 meses, o diferencial é ainda mais expressivo, com 5,86% no Paraná frente a 8,65% no Brasil, o que amplia a competitividade do destino em relação a outros polos turísticos nacionais” afirmou o economista.
Inflação de turismo é o aumento dos preços dos bens e serviços específicos do turismo, como passagens aéreas, hospedagem e, alimentação. É um indicador que impacta diretamente o poder de compra dos viajantes, tornando destinos mais caros ou acessíveis.
Dezordi entende que a programação de Natal da cidade potencializa esse efeito ao elevar o tempo de permanência dos turistas na cidade e aumentar a demanda por hospedagem, alimentação e compras. “A presença de atrações de grande porte, inclusive internacionais, como o parque temporário da Disney, reforça a atratividade da capital e contribui para um ambiente mais favorável ao comércio, ao estimular o consumo e gerar efeitos positivos ao longo de toda a cadeia de serviços”, avalia o economista.
Outros números também reforçam a força do evento. Em 2024, o Natal de Curitiba reuniu 2,2 milhões de espectadores e movimentou R$ 399,9 milhões na economia local, segundo o Instituto Municipal de Turismo. Para 2025, a projeção é ainda mais ambiciosa: público de 2,4 milhões de pessoas, sendo 322 mil turistas, e impacto econômico estimado em R$ 439,8 milhões — crescimento aproximado de 10% em todas as frentes.




