Vereadora do PT quer oficializar Curitiba como Capital do Sul do Forró

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Foto: Ilustração.

Reconhecer a importância da cultura nordestina em Curitiba e fortalecer o forró como expressão artística consolidada no município são os objetivos do projeto de lei apresentado pela vereadora Vanda de Assis (PT), que propõe declarar Curitiba como Capital do Sul do Forró. A proposta busca institucionalizar uma identidade cultural construída ao longo de mais de quatro décadas, integrando políticas públicas de promoção cultural e ampliando o reconhecimento do forró no cenário local. 

A matéria tramita na Câmara Municipal e declara oficialmente Curitiba como Capital do Sul do Forró, abrangendo manifestações culturais como festivais, apresentações musicais, aulas de dança, feiras temáticas e outras expressões ligadas à cultura nordestina. A iniciativa propõe ações de incentivo à difusão do forró, apoio a grupos culturais, articulação com a economia criativa e promoção de eventos formativos e turísticos destinados a ampliar sua visibilidade.

O texto também autoriza a formação de parcerias com entidades culturais, empresas, coletivos artísticos, instituições educacionais e setores ligados à gastronomia e ao turismo, com o objetivo de estruturar roteiros culturais integrados que aproximem linguagens artísticas, tradições populares e potencial econômico associado ao forró.

Fundamentos culturais e históricos da proposta

A justificativa do projeto destaca que a medida “não cria uma identidade, mas reconhece e oficializa uma realidade cultural vibrante e consolidada ao longo de mais de quatro décadas”, com forte participação da comunidade nordestina que vive em Curitiba. A autora enfatiza que o reconhecimento formal representa um gesto de valorização da diversidade cultural e de estímulo ao direito à cidade, preservando tradições que já fazem parte da história local.

O texto referencia o reconhecimento das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2021, o que reforça a legitimidade da proposta municipal e a integra a uma política nacional de salvaguarda de expressões populares.

Trajetória cultural, identidade e economia criativa

Vanda de Assis também apresenta um conjunto robusto de argumentos que explicam a relevância cultural, social e econômica da iniciativa. A vereadora relembra episódios de discriminação vividos por nordestinos nas décadas passadas, ressaltando que a consolidação do forró em Curitiba representa também um gesto simbólico de reparação histórica. Em suas palavras, “a jornada do forró […] é uma poderosa narrativa de superação” e, ao longo dos anos, tornou-se exemplo de integração social: “é a arte vencendo os preconceitos”.

O documento reconstrói a trajetória do ritmo na capital desde os anos 1980, destacando pioneiros como Maerlio “Ceará” Barbosa, Bebé Baiano e Mestre Pita, além de espaços emblemáticos como o antigo Calamengau, que deram forma às primeiras cenas do forró curitibano. O projeto também menciona que escolas de dança, coletivos culturais, trios regionais e festivais hoje configuram um ecossistema cultural estruturado, com programação contínua e relevante participação pública.

Ainda segundo a vereadora, Curitiba ganhou reconhecimento nacional com grupos e eventos locais, como a premiação do grupo Fuá de Latada no Festival Nacional Forró de Itaúnas (FENFIT) e a projeção do evento Forró da Lua Cheia, que reúne artistas de destaque e público médio de cerca de 800 pessoas por edição. Esses elementos demonstram que o forró movimenta setores relacionados à economia criativa, como gastronomia, turismo, hotelaria, artesanato e produção musical, com potencial para ampliar a geração de emprego e renda.

Cultura, turismo e desenvolvimento local

De acordo com o projeto, o reconhecimento oficial de Curitiba como Capital do Sul do Forró poderá reforçar a integração entre cultura, turismo e desenvolvimento local, estimulando a criação de festivais, oficinas culturais, circuitos temáticos e eventos permanentes. A autora argumenta que a iniciativa também contribui para ampliar ações educativas e comunitárias, ao aproximar diferentes gerações de práticas culturais e promover espaços de convivência.

A proposta prevê que o Poder Executivo poderá regulamentar a lei, definindo diretrizes operacionais e formas de colaboração com iniciativas já existentes na cidade. A medida busca fortalecer a economia criativa, atrair visitantes e consolidar o forró como elemento identitário da capital. O projeto foi protocolado em 3 de outubro e aguarda novo parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), após ter sido devolvido ao gabinete parlamentar para ajustes.

 

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