Após vídeo de vereador de Curitiba, prefeita da RMC reage e critica exposição de morador de rua

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Foto: Reprodução/ Redes Sociais.

A publicação do vídeo do vereador curitibano Guilherme Kilter (Novo), no qual ele aparece abordando um morador de rua durante uma ação municipal, gerou reação imediata na Região Metropolitana de Curitiba. Nesta sexta-feira (28), a prefeita de Rio Branco do Sul, Karime Fayad, divulgou um vídeo com críticas diretas — embora sem citar nomes — a políticos que, segundo ela, utilizam situações de vulnerabilidade para gerar engajamento nas redes sociais.

Na legenda, Karime escreveu: “Políticos usando dor alheia pra ganhar likes, enquanto soluções somem. Isso é espetáculo, não política.” A frase foi interpretada como uma resposta clara à gravação de Kilter, que repercutiu entre internautas e reacendeu debates sobre a abordagem de pessoas em situação de rua.

No vídeo, a prefeita afirma ter ficado “indignada” desde o dia anterior ao assistir conteúdos publicados por políticos nas redes sociais. Ela critica o que chama de “político das redes sociais”, caracterizado por discursos de impacto e vídeos que geram visualizações, mas que, na sua avaliação, não resultam em melhorias efetivas para a população.

Karime reforça que a gestão municipal deve priorizar execução de políticas públicas, e cita Rio Branco do Sul como exemplo de um município que busca manter estabilidade política e entregas concretas. Ela afirma que o que a incomodou foi ver um político gravando um vídeo enquanto abordava um morador de rua, questionando origem, rotina e condições de vida da pessoa. Para a prefeita, tal exposição não contribui para enfrentar o problema.

Karime ressalta que o tema da população em situação de rua é complexo e afeta sobretudo grandes centros urbanos, sem soluções simples ou imediatas. Ela reconhece que falta de moradia, dependência química e dificuldades legais para tratamento compulsório são parte do desafio enfrentado por gestores públicos. Ao mesmo tempo, defende que o debate precisa ocorrer com seriedade técnica, sem transformar a vulnerabilidade humana em ferramenta de engajamento digital.

A prefeita afirma entender a população que se sente insegura ou desconfortável diante da ocupação de calçadas e espaços públicos, mas reforça que isso não justifica expor pessoas já fragilizadas. “Para que expor alguém que já está numa situação de dor que não conhecemos?”, questiona.

Karime encerra o vídeo afirmando que políticos que utilizam a exposição de pessoas vulneráveis para ganhar aplausos e comentários cometem o que ela chama de “narcisismo na política”, comportamento que, segundo ela, tem se tornado frequente, mas apresenta poucos resultados concretos para a sociedade.

A reação amplia o debate regional sobre a forma como agentes públicos tratam questões sociais sensíveis e evidencia tensões entre estratégias políticas baseadas em redes sociais e modelos de gestão voltados para políticas públicas estruturais.

 

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