Em um discurso inflamado na tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9), o presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputado Filipe Barros (PL-PR), voltou a atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja da Silva. A manifestação foi motivada pelas recentes declarações da primeira-dama em meio à polêmica envolvendo tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.
Barros iniciou seu pronunciamento mencionando que Lula, ao ser questionado na saída do Itamaraty sobre as tarifas norte-americanas, não respondeu, deixando a fala para a primeira-dama. Janja, segundo ele, teria reagido com ironia, perguntando: “Cadê meus vira-latas?”. O deputado aproveitou a frase para devolver a crítica, afirmando que “o vira-lata está ao lado dela, é o presidente Lula”, a quem acusou de subserviência a regimes autoritários.
O parlamentar do PL reforçou sua posição acusando o governo petista de manter relações próximas com países governados por ditaduras, além de relembrar ações de Lula no exterior que, segundo ele, configurariam interferência indevida. Entre os episódios citados, estão o envio de uma aeronave da FAB ao Peru para transportar a ex-primeira-dama Nadine Heredia e a visita recente à Argentina, onde Lula encontrou-se com Cristina Kirchner, condenada por corrupção, sem realizar reunião oficial com o presidente Javier Milei.
Filipe Barros também criticou o que classificou como falta de diálogo entre Lula e Donald Trump, apontando essa ausência de relação como fator agravante para a imposição das tarifas. Segundo ele, o governo atual tem buscado responsabilizar fatores externos por problemas econômicos internos, estratégia que, em sua visão, remete ao que chamou de “estilo venezuelano de governar”.
O discurso ainda incluiu acusações ao governo federal de defender a censura em alinhamento com o Supremo Tribunal Federal, reforçando a narrativa de que o Brasil estaria se afastando de democracias ocidentais para se alinhar com regimes autoritários. Para o deputado, a retórica da primeira-dama e as ações diplomáticas do presidente enfraquecem a imagem internacional do país.
As declarações de Barros ocorrem em um momento de tensão nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente com a possível volta de Trump à presidência norte-americana. O episódio também evidencia o acirramento do debate político no país, com críticas cada vez mais direcionadas à atuação de figuras do entorno presidencial, como a própria Janja.
A fala do deputado repercutiu entre parlamentares da oposição e da base governista, reacendendo o debate sobre os rumos da política externa brasileira e o papel de seus representantes nas arenas diplomáticas e institucionais.







