Em vez de apostar em inovação, preços competitivos e novas experiências para os turistas, parte do setor hoteleiro tradicional de Curitiba decidiu mirar na regulamentação. A Câmara Municipal vai abrir, no dia 25 de julho, um debate para discutir possíveis regras para os populares aplicativos de hospedagem, como Airbnb, Booking.com, Hoteis.com, Expedia e Trivago, plataformas que vêm ganhando espaço justamente pela praticidade e valores mais acessíveis.
A proposta parte do presidente da Casa, vereador Tico Kuzma (PSD), em conjunto com a Federação Paranaense de Turismo (Feturismo) e a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar). O encontro está marcado para as 10h, na Sala da Presidência, e deve reunir representantes do setor turístico, sindicatos e empresários.
Segundo os organizadores, o objetivo é garantir uma “concorrência mais leal” entre os meios de hospedagem. “A nossa intenção é unir forças em favor de uma bandeira única e garantir uma concorrência mais leal no setor, que é fundamental para as atividades turísticas relacionadas ao turismo”, declarou Fábio Aguayo, presidente da Feturismo e da Abrabar.
Na prática, a proposta busca limitar ou controlar um modelo de negócio que cresceu justamente por oferecer alternativas aos serviços convencionais, muitas vezes com menos burocracia e custos menores para os viajantes. Enquanto as plataformas digitais se adaptam ao comportamento do novo consumidor, parte do setor tradicional aposta na regulamentação como resposta.
A discussão não é isolada. Capitais como o Rio de Janeiro já avançam em projetos semelhantes, e há uma mobilização nacional por parte de sindicatos ligados à Confederação Nacional de Turismo (CNTur) para pressionar pela criação de leis que estabeleçam regras claras — e limites — para os aplicativos.
Nei Jorge Feniar, secretário-geral da CNTur, confirmou presença na reunião em Curitiba. A ideia, segundo os organizadores, é colher sugestões de empresários, representantes do setor de hospitalidade, e até da sociedade civil, antes de transformar as propostas em um Projeto de Lei.
Além do encontro do dia 25, a presidência da Câmara pretende realizar uma audiência pública mais ampla, para ouvir diferentes segmentos e agregar contribuições à redação final do projeto. “É uma boa oportunidade dos membros participarem e, quem sabe, de a indústria que planeja e constrói esses novos espaços de hospitalidade também ser ouvida”, comentou Aguayo.
A discussão acende um sinal de alerta para o futuro da hospitalidade em Curitiba. Em um cenário onde a inovação vem moldando os hábitos de consumo, o desafio será equilibrar interesses: regular sem engessar, proteger sem impedir a evolução, e garantir que a cidade siga atraente tanto para quem vive dela quanto para quem a visita.







